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Cerrado perde 472,8 km² da vegetação nativa em menos de um ano

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Cerrado perde 472,8 km² da vegetação nativa em menos de um ano

Entre janeiro e julho de 2022, o Cerrado perdeu uma área equivalente ao Distrito Federal: cerca de 472.816 hectares. Isso significa que foram desmatados, em média, mais de 2,2 mil hectares por dia no bioma este ano. Os dados são do novo Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), lançado nesta segunda-feira (12).

A ferramenta foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em parceria com a rede MapBiomas e a Universidade Federal de Goiás (UFG). O SAD Cerrado funciona por meio de inteligência artificial e utiliza imagens do satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, com resolução de 10 metros.

O sistema emitiu mais de 50 mil alertas de desmatamento no primeiro semestre do ano. Apenas no último trimestre, houve um aumento de 15% na área desmatada no bioma em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 291,2 mil hectares (ha) derrubados, entre maio e julho de 2022, contra 253,4 mil (ha) desmatados nesses meses em 2021.

A maior parte do desmatamento ocorreu no Maranhão, responsável por 124,7 mil ha desmatados. Logo em seguida vem o Tocantins com a segunda maior área sob alerta de desmatamento (108,7 mil ha). No último estado, as áreas mais afetadas coincidem com áreas de expansão do cultivo de soja.

“A tendência do desmatamento no Cerrado está nas áreas que estão se consolidando nessa fronteira, como no Matopiba. O que a gente percebeu é que a soja está descendo os chapadões, se implantando em áreas que não tem tanta aptidão, mas que são favorecidas pela proximidade da estrutura da produção agrícola. É importante prever essa ampliação e ter medidas específicas nos municípios da região com comunidades tradicionais”, afirmou Juan Doblas, pesquisador do IPAM e responsável pelo novo sistema.

Retrospectiva do desmatamento, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

  • 2018: 6.657 km2
  • 2019: 6.484 km2
  • 2020: 7.340 km2

Essencial para a segurança hídrica no Brasil, o Cerrado já teve mais da metade da sua vegetação nativa dizimada nas últimas décadas. Pesquisas mostram que o bioma pode entrar em colapso nos próximos 30 anos devido ao avanço da agropecuária, que tem tornado o Cerrado mais seco e quente. Até 2050 é esperado aumento de 6°C na temperatura do bioma em comparação à década de 1960.