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Cerrado perde 4 mil km² entre janeiro e julho

Cerrado perde 4 mil km² entre janeiro e julho
Serra da Canastra

Dados do Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o Cerrado perdeu mais de 4 mil quilômetros quadrados entre janeiro e julho de 2022. O valor, que é o maior registrado para o período em quatro anos, representa aumento de 28% em relação a 2021 e 50% na comparação com 2020.

O período anual de monitoramento do Deter, que vai de agosto a julho, também terminou com alta no desmatamento. Nos últimos 12 meses foram derrubados 5.426 km² no Cerrado, 11,5% a mais que em 2021 (4.866,6 km²) e 38,3% mais que o registrado em 2020 (3.921,6 km²).

Esse é o índice mais alto desde o lançamento do sistema no Cerrado e o pior dos últimos três anos. A maior parte da devastação está concentrada no Matopiba, fronteira agrícola que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A região respondeu por três quartos da destruição registrada no período.

O Matopiba abriga 44% do que ainda está preservado no Cerrado e metade da produção agrícola do país. O avanço das plantações, sobretudo as de soja, é uma das principais ameaças ao bioma. Formosa do Rio Preto (BA), que liderou o desmatamento entre os municípios, teve 247,3 km² perdidos apenas em um condomínio das fazendas Estrondo.

Essencial para a segurança hídrica no Brasil, o Cerrado já teve mais da metade da sua vegetação nativa dizimada nas últimas décadas. Pesquisas mostram que o bioma pode entrar em colapso nos próximos 30 anos devido ao avanço da agropecuária, que tem tornado o Cerrado mais seco e quente. Até 2050 é esperado aumento de 6°C na temperatura do bioma em comparação à década de 1960.

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