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Destino de R$ 80 milhões de compensação da Vale gera polêmica entre ambientalistas e IEF

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Em ofício à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) e ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), organizações da sociedade civil, incluindo a Amda, conselheiros do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e do Monumento Natural da Serra da Moeda, solicitam que o recurso de R$ 80 milhões da Vale, por compensação minerária das minas do Pico e Córrego do Feijão, seja investido nas unidades de conservação (UCs) na área de influência das minas, na criação de novas áreas protegidas e em corredores ecológicos na região.

As entidades temem que a verba caia no caixa único do Estado e seja desviada para outras finalidades, como vem acontecendo desde o governo de Antônio Augusto Anastasia. “O governo não investe nas UCs e ainda sequestra os recursos de compensação”, disse Dalce Ricas, superintendente da Amda.

Para o biólogo da Amda Francisco Mourão, regularização fundiária de áreas no interior de UCs já criadas e ampliação da área protegida na região, para melhorar a conectividade entre elas e remanescentes de vegetação nativa, é prioridade: “Isolamento geográfico é sem dúvida a maior ameaça que ronda as unidades de conservação, por impedir o fluxo genético de plantas e animais. A maior parte das UCs no Quadrilátero Ferrífero são pequenas e a sobrevivência da fauna depende de ambientes naturais ainda preservados em seu entorno”.

No ofício, as entidades destacaram que as UCs abrigam ecossistemas únicos, com distribuição geográfica muito restrita e extremamente pressionados por atividades humanas, com destaque para mineração e expansão urbana. Lembram ainda que nelas sobrevivem espécies únicas da fauna e flora ameaçadas de extinção e desempenham papel fundamental na produção de água usada no abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Entre as unidades presentes na região estão os parques da Serra do Rola Moça e da Serra do Gandarela, Estações Ecológicas de Fechos e Arêdes e Monumentos Naturais Serra da Calçada e Serra da Moeda.

O assunto foi pautado na reunião da Câmara de Proteção da Biodiversidade (CPB) do Copam, realizada no dia 21 de junho, quando o IEF afirmou que o recurso será aplicado diretamente pela Vale, em atividades a serem definidas pelo mesmo após aprovação da CPB. Segundo o IEF, as compensações voltarão à pauta do conselho para aprovação.