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Emissão de carbono por desmatamento em Minas é tema de audiência na ALMG

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Emissão de carbono por desmatamento em Minas é tema de audiência na ALMG
Crédito: Luiz Santana/ALMG

As ações do Estado para conter as mudanças climáticas foram discutidas na audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na última quinta-feira (23), no âmbito do programa Fiscaliza Mais, que tem como objetivo monitorar o andamento das políticas públicas em Minas.

Os dados apresentados pela secretária de Meio Ambiente, Marília Carvalho de Melo, mostram que somente a agropecuária abrange 54% das emissões de gases de efeito estufa no Estado. A maioria das emissões do setor provém do processo de digestão dos animais, a chamada fermentação entérica.

O presidente da comissão, deputado Noraldino Júnior (PSC), ressaltou que a agropecuária impacta diretamente o Cerrado, o bioma mais desmatado em Minas. Nas últimas décadas, o bioma perdeu quase metade de sua cobertura original e, desde 2009, perde em média um milhão de hectares por ano.

Embora a secretária tenha citado ações do governo de Minas para mitigar as mudanças climáticas, como a adesão à campanha “Race to Zero”, o Estado continua compactuando com o avanço do desmatamento no Cerrado e na Mata Atlântica.

No entanto, a justificativa da secretária para o desmatamento na Mata Atlântica é que “somos o estado brasileiro que tem a maior área remanescente, e essa é uma informação que nem sempre é lembrada”. Para Dalce Ricas, superintendente da Amda, a justificativa é inaceitável: “Já que Minas tem maiores remanescentes, podemos continuar derrubando. Daqui a pouco tempo não teremos mais. Qual será então a justificativa do governo?”

Ela lembra ainda, que grande parte do que resta do bioma em Minas é fragmentada em pequenas áreas. Esta situação, aliada ao desmatamento, agrava ainda mais os riscos de sua destruição. “O governo não tem política de proteção da Mata Atlântica e do Cerrado. Continua tratando o problema de forma casual e pontual. Todo ano é a mesma coisa: a SOS publica o Atlas, o governo se defende com a afirmativa feita pela secretária e o assunto é esquecido até o próximo mês de maio”.

Entre 2020 e 2021 foram desmatados 21.642 hectares da Mata Atlântica, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Minas Gerais foi responsável pela perda de 9.209 hectares, quase a metade (42%) da área desmatada no período, liderando mais uma vez a destruição do bioma.