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Planeta têm 9 mil espécies de árvores desconhecidas pela ciência

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Planeta têm 9 mil espécies de árvores desconhecidas pela ciência

A maior estimativa global sobre a diversidade de árvores, recentemente publicada, mostrou que a riqueza de espécies existentes é 14% maior do que o número conhecido hoje. Isto significa que há mais de 9 mil espécies a serem catalogadas pela ciência. Na América do Sul, celeiro de novas descobertas, estão cerca de 40% das variedades desconhecidas.

O trabalho é resultado de um esforço inédito, que uniu quase 150 cientistas do mundo todo, incluindo pesquisadores brasileiros. As descobertas foram publicadas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), em fevereiro deste ano.

Além de destacar a riqueza dos ecossistemas terrestres, o levantamento liderado pelo biólogo Roberto Cazzo Gatti, da Universidade de Bolonha, na Itália, mostrou como a biodiversidade florestal é vulnerável às mudanças causadas pelo homem e que as espécies mais raras, ainda desconhecidas, são as que enfrentam maior risco.

Estimava-se a existência de quase 64 mil espécies de árvores no planeta, mas, segundo o novo cálculo, esse número pode chegar a 73.300. Das espécies ainda desconhecidas (14%), cerca de 3 mil são raras, com populações muito baixas e distribuição limitada. A maioria (43%) está na América do Sul, 22% na Eurásia, 16% na África, 15% na América do Norte e 11% na Oceania.

“As áreas mais ricas são onde os Andes encontram a Amazônia. É aqui que a diversidade é alta e também o número de espécies não descritas provavelmente será maior”, explica ao Mongabay o professor de Ecologia Tropical da Universidade de Leeds, no Reino Unido, Oliver Phillips.

“Por causa da complexa topografia, clima e geologia, há mais diversidade e muitas espécies terão uma distribuição menor”, ​​acrescenta. “Isso as torna mais difíceis de descobrir e também mais vulneráveis.”

Desconhecidas, mas já ameaçadas

Para Peter B. Reich, professor da Universidade de Minnesota e coautor do estudo, as descobertas apontam para grande riqueza florestal desconhecida, ao mesmo tempo que alerta para as ameaças às espécies.

“Esses resultados destacam a vulnerabilidade da biodiversidade florestal global às mudanças antrópicas, particularmente o uso da terra e o clima, porque a sobrevivência de táxons raros é desproporcionalmente ameaçada por essas pressões”, afirmou.

Os cientistas ressaltam que quase um terço da riqueza global de árvores na Terra é composta por espécies raras, que aparecem uma ou duas vezes em suas amostras. Isso mostra que o sistema florestal global é dominado por um número modesto de árvores, e esse número já conhecido depende das espécies que são raramente encontradas ou não detectadas.

Além da perda de espécies únicas, que sequer foram conhecidas pela humanidade, a extinção de alguns táxons compromete o fornecimento de serviços ecológicos, essenciais para nossa sobrevivência e o equilíbrio do planeta.

O documento indica que a conservação florestal deve ser prioridade, principalmente na América do Sul, considerando a pressão do desmatamento, queimadas e mudanças climáticas sobre as florestas tropicais.

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