Array
Notícias

Primeira fazenda de polvos do mundo pode ser instalada na Espanha

Array
Primeira fazenda de polvos do mundo pode ser instalada na Espanha

Mesmo com evidências científicas que classificam polvos como seres sencientes, por serem capazes de sentir dor e emoções, como medo e angústia, pode ser inaugurada, na Espanha, a primeira fazenda de criação de polvos em cativeiro do mundo. O projeto liderado pela multinacional Nueva Pescanova está sendo alvo de críticas de pesquisadores e ativistas, que denunciam a crueldade por trás da iniciativa.

A fazenda, localizada nas Ilhas Canárias, tem capacidade para produzir 3.000 toneladas de polvo por ano até 2026. Isso significa que milhares de seres hiperinteligentes passarão a vida em taques apertados, serão abatidos e comercializados para atender a demanda de países como Itália, Japão, Coreia e a própria Espanha, a maior importadora da iguaria.

Embora a companhia alegue que a criação em cativeiro aliviará a pressão da pesca sobre as populações selvagens, o real objetivo é lucrar com um mercado que só cresce, independente do sofrimento animal. Cientistas já alertaram que polvos podem passar por intenso sofrimento e tendem a ficar agressivos quando confinados, podendo até se automutilar.

Em relatório publicado em 2021, feito com base em mais de 300 artigos científicos, pesquisadores da London School of Economics and Political Science mostraram que decápodes (lagostas, camarões e caranguejos) e cefalópodes (polvos e lulas) possuem sistema nervoso central semelhante ao de mamíferos.

A descoberta motivou o governo britânico a ampliar a proteção a polvos e mariscos, incluindo-os no escopo do Projeto de Lei do Bem-Estar Animal. No Reino Unido não é mais permitido, por exemplo, cozinhar ou esquartejar animais vivos devido à extrema dor causada. O bem-estar também deve ser observado na criação e no transporte dos animais.

“Os polvos são extremamente inteligentes e extremamente curiosos. E é sabido que eles não ficam felizes em condições de cativeiro. Qualquer operação agrícola visando uma alta qualidade de vida, reproduzindo o habitat natural da espécie, que vive solitária no fundo do mar, provavelmente seria muito cara para ser lucrativa”, afirmou Raul Garcia, coordenador de pesca do WWF-Espanha, à Reuters.

Além de causar grande sofrimento aos animais, a criação em escala industrial não é tão sustentável quanto afirmam os defensores do projeto, já que aquicultura também sobrecarrega os estoques naturais. Estima-se que um terço da pesca global é destinada ao preparo de rações e 90% das capturas viram óleo e farinha de peixe para atender atividades como a aquicultura.

Ajude

Uma petição para impedir a abertura da fazenda, que depende de aprovação das autoridades locais, já conta com milhares de assinaturas. Clique aqui e assine para salvar os polvos.