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Registros de queimadas sobem 43% entre 2017 e 2020, aponta IBGE

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Registros de queimadas sobem 43% entre 2017 e 2020, aponta IBGE
Combate a queimadas não foi prioridade para os Estados nos últimos anos. /Crédito: Victor Moriyama/ Greenpeace

O Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic) 2020, divulgado neste mês pelo IBGE, mostrou que cerca de 66% dos municípios brasileiros sofreram com ao menos um impacto ambiental entre 2018 e 2020. Metade dos 5.468 municípios analisados apresentaram registros de queimadas, um crescimento de 42,9% em comparação ao último levantamento.

Segundo o IBGE, em 2017 as queimadas afetaram 33% (1.252) dos municípios que informaram a existência de dano ambiental nos anos anteriores. Em 2020, esse índice saltou para 49,4% (1.789), fazendo das queimadas a principal causa de devastação ambiental nos municípios.

A segunda maior ocorrência foi de condições climáticas extremas, como secas e enxurradas (40,9%), seguida por falta de saneamento e destinação inadequada de esgoto doméstico (31,5%). A região Norte do país foi a mais afetada, onde 78,5% dos municípios disseram ter sofrido com algum dano ambiental entre 2018 e 2020. O Centro-Oeste também ficou acima da média nacional, com 69,2%.

A região Sul se igualou à média do país (66,2%), enquanto o Nordeste e o Sudeste ficaram abaixo, com 65,3% e 63,1%, respectivamente, dos municípios impactados pela devastação. “Os estudos ambientais mostram Amazônia e Cerrado como biomas que estão sofrendo impacto muito grande nos últimos anos e as informações da Munic 2020 corroboram com esses dados”, afirma Caroline Santos, analista da pesquisa.

Combate a queimadas não é prioridade dos Estados

A Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), também divulgada neste mês pelo IBGE, mostrou mudança significativa nas políticas ambientais dos estados. No questionário Estadic, os governos estaduais selecionam, entre 14 temas, três que consideram prioritários em sua gestão.

Em 2020, 15 das 27 Unidades da Federação (UFs) colocaram a gestão de recursos hídricos como tema prioritário, enquanto o licenciamento ambiental, que predominava em 2017 com 19 UFs, caiu para apenas oito em 2020.

O mesmo ocorreu com a fiscalização ambiental, que era prioridade em 13 UFs em 2017 e, em 2020, passou a ser preferência em só nove unidades federativas. Gestão do solo e reciclagem não foram prioridade para nenhuma das UFs em nenhuma das duas últimas edições da Estadic.

O que mais preocupa é que somente nove UFs colocaram o controle de queimadas como pauta prioritária em 2020. Em 2017, o número de UFs era de apenas quatro. “Embora as queimadas liderem as ocorrências ambientais nos municípios, esse tema não lidera as prioridades mais elencadas nos estados”, questiona Caroline.

No Mato Grosso do Sul, que abrange boa parte do Pantanal, as queimadas não foram prioridade nem em 2017 nem em 2020, mesmo o bioma tendo perdido aproximadamente 30% de seu território para o fogo no ano passado. Só em 2020, o Pantanal teve 40 mil quilômetros quadrados consumidos pelas chamas e milhares de animais morreram queimados.