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Brasil promete reduzir 50% das emissões até 2030, mas corta verbas para pesquisas sobre mudanças climáticas

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Brasil promete reduzir 50% das emissões até 2030, mas corta verbas para pesquisas sobre mudanças climáticas
Ministro do Meio Ambiente

Ignorando os recordes de desmatamento e os cortes nas verbas destinadas a pesquisas sobre o clima, o Brasil comprometeu-se a zerar o desmatamento até 2030 e anunciou metas climáticas ambiciosas durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que acontece em Glasgow, na Escócia. As promessas foram recebidas com protestos de ativistas, que denunciaram a agenda antiambiental do governo brasileiro.

Com a ausência do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil foi representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que anunciou meta de redução de 50% das emissões de gás carbônico e metano até 2030 com objetivo de alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Além de não detalhar como fará isso, o governo caminha na direção oposta.

Dados levantados pela BBC News Brasil, por meio do Sistema Integrado de Orçamento do Governo Federal (Siop), indicam corte de 93% nos gastos em projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos três primeiros anos do governo Bolsonaro em comparação aos três anos anteriores. Entre 2016 e 2018, os investimentos nessa área foram de R$ 31,1 milhões, contra apenas R$ 2,1 milhões investidos pela gestão atual.

O corte nas verbas coincide com o aumento histórico nas emissões, que alcançaram, em 2020, a maior taxa desde 2006, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima . No ano em que o mundo registrou queda de aproximadamente 7% na emissão de poluentes, por causa da pandemia, o Brasil aumentou em 9,5% suas emissões.

Desmatamento em alta

O Brasil também assinou, junto de mais de 120 países, a Declaração sobre Florestas e Uso do Solo, que prevê acabar com o desmatamento até 2030. O governo brasileiro ainda antecipou a meta, prometendo acabar com o desmatamento até 2028. Ambientalistas veem a promessa como “impossível”, considerando o ritmo atual de destruição.

Levantamento do Imazon mostrou que o desmatamento na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi o maior dos últimos dez anos. Nos últimos 12 meses, a floresta perdeu 10.476 km², o equivalente a nove vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.

Brasileiros que participam de atos promovidos pela ativista ambiental Greta Thunberg em Glasgow, chamaram a atenção para as invasões em terras indígenas, avanço do garimpo ilegal, contaminação dos riso por mercúrio e aumento das taxas de desmatamento durante o governo Bolsonaro.