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Em nota, Amda aponta graves ameaças ao Parque Estadual do Rio Doce

Em nota, Amda aponta graves ameaças ao Parque Estadual do Rio Doce
Lagoa Dom Helvécio é uma das mais famosas do Parque Estadual do Rio Doce. Crédito: Evandro Rodney

Press release

Belo Horizonte, 19 de outubro de 2021 Isolamento geográfico, caça, atropelamento de animais silvestres e invasões estão entre as maiores ameaças ao Parque Estadual do Rio Doce (Perd), que abriga a maior área de Mata Atlântica legalmente protegida em Minas Gerais. Em nota, a Amda denunciou o abandono da unidade de conservação (Uc) e omissão do poder público.

Imagens registradas pela entidade mostram construções clandestinas e anúncios de venda de lotes em Goiabeiras, município de Marliéria, na Zona de Amortecimento do parque. O fato vem sendo denunciado por pesquisadores e ambientalistas, que temem pelo isolamento da Uc de ambientes naturais que restaram no Vale do Rio Doce, o que geraria consequências devastadoras para a sua biodiversidade.

Diante disso, a entidade sugeriu agilizar estudos para planejamento, implantação e garantia de conectividade do parque com fragmentos florestais, visando, a médio prazo, criar um grande corredor ecológico, ligando-o ao Parque Estadual Serra do Brigadeiro e ao Parque Nacional do Caparaó.

Em webinar realizado pela Amda na última sexta-feira (15), o gerente do Parque Estadual do Rio Doce, Vinicius Moreira, alertou para a necessidade de políticas públicas para lidar com a situação.

“Notamos o avanço da expansão urbana, sobretudo nas regiões de Timóteo e Cava Grande. Vamos conviver com uma grande pressão de ocupação no entorno do parque e precisa haver política pública para lidar com isso, além de uma articulação de atores para enfrentamento dessas questões”, destacou Vinícius.

A Amda denunciou também o recrudescimento de caça e pesca dentro do parque. A Polícia Florestal (hoje Polícia Militar Ambiental), através do pelotão sediado no parque, conta com apenas 13 policiais para atender 20 municípios. Ou seja: não há fiscalização e os caçadores e pescadores atuam livremente, indicou na nota.

Durante o webinar, a diretora de unidades de conservação do IEF, Ana Carolina Seleme, disse que o IEF está pleiteando a volta do efetivo da Polícia Ambiental ao parque.

Ponte Queimada

Outra grande preocupação exposta pela Amda é a proposta de recuperação da Ponte Queimada, construída sobre o rio Doce para ligar o município de Pingo D’Água a Timóteo. O prefeito de Marliéria, Hamilton Lima, e a deputada estadual Rosângela Reis estão fazendo campanha para recuperá-la, alegando interesse turístico. A estrada atravessa a Mata dos Campolina, única área com Mata Atlântica primária do parque e uma das últimas restantes no país.

Para a Amda, a recuperação tem de ser muito bem avaliada, pois o próximo passo será pressionar a abertura da estrada, o que é inaceitável. “Se há história na ponte é justamente a luta para impedir tráfego na estrada e proteger o parque”, defendeu a entidade, lembrando que já houve outras tentativas nesse sentido.

Vinicius Moreira ressaltou que a única medida que deve ser discutida para a Ponte Queimada é o seu fechamento e uso exclusivo para fins de monitoramento, fiscalização e pesquisa científica. “Trata-se do último trecho de Mata Atlântica primária do parque e um dos últimos do país, que está em vulnerabilidade devido ao permanente trânsito e consequente exposição dessa área nobre, rara e muito especial para o parque”, disse.

Encaminhamentos

A nota técnica foi enviada aos deputados da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), promotores de meio ambiente da região do Rio Doce e Timóteo, prefeituras de Marliéria e Timóteo e entidades de classe.