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Dos 10 rios mais ameaçados por hidrelétricas no mundo, dois estão no Brasil

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Dos 10 rios mais ameaçados por hidrelétricas no mundo, dois estão no Brasil
Rio Tapajós

O World Wide Fund for Nature (WWF) publicou, em setembro, lista dos 10 rios icônicos mais ameaçados do mundo, dos quais dois estão no Brasil: o Tapajós e a Bacia do Alto Rio Paraguai. A principal ameaça aos cursos d’água, de acordo com o relatório, é a fragmentação de seus cursos, causada pela construção de barragens e hidrelétricas.

Além dos brasileiros, a lista apresenta outros oito rios de diversas partes do mundo que sofrem a pressão de empreendimentos de energia. São eles: Sepik, Mekong e Irrawaddy, na Ásia; Mara e Kavango, na África; e Vjosa, Isel e Vistula, na Europa. Juntos, esses rios podem impactar uma população de 80 milhões de pessoas, que dependem diretamente deles.

O levantamento mostra como as barragens de hidrelétricas podem ser extremamente danosas à biodiversidade dos rios. Desde 1970, houve diminuição de 84% no número de espécies fluviais, em grande parte atribuída à fragmentação dos cursos dos rios.

O Tapajós e o Alto Paraguai são dois dos rios mais importantes do Brasil, e estão cada dia mais ameaçados. O Rio Tapajós é um dos principais afluentes da bacia do Amazonas. Com 6% do volume de água da bacia, é responsável por manter diversas comunidades tradicionais e rica biodiversidade.

Fora as barragens já existentes, mais 42 estão sendo planejadas para serem erguidas no rio, o que pode colocar ainda mais em risco tanto as populações ribeirinhas quanto a grande biodiversidade de suas águas. Hoje, operam 57 hidrelétricas no Alto Paraguai e há mais 80 planejadas.

O relatório aponta a necessidade de substituir a energia hidrelétrica por outras fontes renováveis. “A crise ambiental é mais forte nos rios, lagos e áreas de água doce. Se todas essas hidrelétricas de alto impacto forem construídas, nós não teremos chance de impedir a perda da biodiversidade de água doce”, alertou Stuart Orr, responsável pela seção de água doce do WWF.

Queimadas e seca no Pantanal

No Brasil, a situação mais preocupante é da Bacia do Alto Rio Paraguai. O rio é responsável por irrigar o Pantanal, a maior área alagável do mundo, que abriga uma das maiores biodiversidades do planeta.

No ano passado, o Pantanal sofreu os efeitos do pior índice de queimadas da história. Aproximadamente 30% de seu território foi consumido pelas chamas, o que corresponde a mais de 40 mil quilômetros quadrados. Ao lado da Amazônia, o bioma enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Estudos apontam que o bioma perdeu 29% de sua superfície de água em três décadas, ameaçando parte de sua biodiversidade e diversas comunidades que dependem de suas águas.

O relatório do WWF aponta que as 80 barragens planejadas para o rio podem atrapalhar entre 11 e 12 mil quilômetros de cursos livres no rio. Isso alteraria 40% do fluxo da água na bacia, causando um prejuízo incalculável e piorando a situação já crítica do Pantanal.

Para Stuart Orr, é possível gerar energia renovável de baixo custo, baixo carbono e baixo dano ambiental sem utilizar os rios. “Os países devem aproveitar as oportunidades criadas pela revolução verde e escolher formas de gerar energia para seus habitantes melhores do que as hidrelétricas”, argumentou.