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Novo sagui é descoberto na Amazônia brasileira

Novo sagui é descoberto na Amazônia brasileira
Foto: Rodrigo Costa Araújo

O Brasil abriga a maior diversidade de primatas do planeta e, frequentemente, novas espécies são descritas. A última foi o sagui-de-schneider (Mico schneideri), que por mais de 20 anos foi confundido com outra espécie: o sagui-de-snethlage. A descoberta pertence a um grupo de pesquisadores do Brasil e outros países liderado pelo biólogo Rodrigo Costa Araújo.

O sagui-de-schneider, descrito em artigo publicado na revista científica Scientific Reports, recebeu este nome em homenagem a Horácio Schneider, grande primatólogo brasileiro. Trata-se da terceira espécie descoberta que já foi confundida com o sagui-de-snethlage (Mico emiliae).

De acordo com Rodrigo, as dúvidas sobre o sagui-de-schneider ser ou não uma espécie diferente existiam desde 1995. Depois de seis anos de pesquisas genéticas e monitoramento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que se tratava de uma espécie distinta.

O sagui-de-schneider apresenta pelagem prateada, com manchas alaranjadas. A espécie é endêmica do Mato Grosso, ocorrendo apenas na região dos rios Juruena e Teles Pires. “Até agora a espécie foi observada em floresta de terra firme e áreas de Amazônia em transição para o Cerrado, inclusive em florestas degradadas”, explicou o líder da pesquisa.

A Amazônia conta com 20% da biodiversidade mundial de primatas, apresentando 146 espécies catalogadas até agora. Número que, provavelmente, é bem maior, uma vez que as pesquisas na área são ainda incipientes no país.

Status de conservação

Por ser recém-catalogado, não há pesquisas sobre o número de indivíduos existentes do sagui-de-schneider. No entanto, a área onde ele é encontrado desperta preocupação. Os rios Juruena e Teles Pires ficam no arco do desmatamento, região entre entre o norte do Mato Grosso e sul do Pará, onde a fronteira agrícola exerce mais pressão.

Rodrigo alerta que uma outra espécie de sagui, descoberta em 2019 na mesma região, foi considerada ameaçada em estudos posteriores. “A outra espécie de primata que descrevemos em 2019 (zogue-zogue de Groves) – para as mesmas áreas que o Mico schneideri, foi avaliada recentemente como criticamente ameaçada devido à perda de habitat, resultado do avanço da fronteira agrícola e urbana no arco do desmatamento”, afirmou o pesquisador.

Não é incomum que novas espécies já sejam catalogadas em risco de extinção. De acordo com Rodrigo, é necessário mais investimento em pesquisas sobre a biodiversidade brasileira: “do contrário, continuaremos queimando biodiversidade desconhecida em qualquer empreendimento com impacto ambiental negativo que se queira realizar na Amazônia”.