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Área ocupada por garimpo em unidades de conservação cresce 300% em 10 anos no Brasil

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Área ocupada por garimpo em unidades de conservação cresce 300% em 10 anos no Brasil
Expansão do garimpo coincide com a invasão de territórios indígenas e unidades de conservação/ Crédito: Ascom/Ibama

Em 35 anos, a área minerada no Brasil cresceu seis vezes, passando de 31 mil hectares em 1985 para 206 mil em 2020. Boa parte do crescimento ocorreu na Amazônia. Em 2020, três de cada quatro hectares (ha) minerados estavam bioma, que concentra 72,5% do território minerado no país. Os dados são da mais recente análise temporal do território brasileiro feita pelo MapBiomas, iniciativa que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

A expansão da mineração é atribuída em grande parte ao garimpo, que já ocupa área maior do que a mineração industrial e avança sobre áreas protegidas, principalmente na Amazônia, que compreende 93,7% do garimpo no Brasil. Da área minerada no bioma (149.393 ha), 67,6% (101.100 ha) é de garimpo. No caso da mineração industrial, o bioma responde por quase a metade (49,2%) da área ocupada pela atividade no país.

O levantamento mostra que enquanto a mineração industrial cresceu, em média, 2,2 mil hectares por ano e sem grandes variações nos últimos 35 anos, a expansão da atividade garimpeira ocorreu, sobretudo, nos últimos 10 anos. Entre 1985 e 2009, o garimpo cresceu, anualmente, em torno de 1,5 mil ha. A partir de 2010, essa taxa quadruplicou para 6,5 mil ha por ano.

A expansão do garimpo coincide com a invasão de territórios indígenas (TIs) e unidades de conservação (UCs). De 2010 a 2020, a área ocupada por garimpos em TIs e UCs cresceu 495% e 301%, respectivamente. No ano passado, metade da área ocupada pela atividade no Brasil estava em UCs (40,7%) e TIs (9,3%).

Os territórios Kayapó, Munduruku e Yanomani, na região amazônica, concentram as maiores áreas de garimpo em terras indígenas. Entre as 10 unidades de conservação com maior atividade garimpeira, oito ficam no Pará. As mais impactadas são a Área de Proteção Ambiental do Tapajós, Floresta Nacional do Amanã e Parque Nacional do Rio Novo.

Minas Gerais é o segundo estado do ranking

Minas Gerais aparece como segundo estado com maior extensão de área total minerada, com 33.432 hectares, atrás apenas do Pará, com 110.209 hectares. Em Minas, quase todo território minerado é ocupado pela mineração industrial (32.785 ha), enquanto, no Pará, a maior parte dessa área é ocupada pelo garimpo (76.514 ha). No Mato Grosso, terceiro do ranking, o garimpo também é responsável pela maior parte da área minerada.

O levantamento destaca as diferenças entre garimpo e mineração industrial. Enquanto a produção de ferro (25,4%) e alumínio (25,3%) respondem por metade da área de mineração industrial, 86,1% da área garimpada está relacionada à extração de ouro.

“Os produtos da mineração são fundamentais para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Esperamos que estes dados contribuam para a definição de estratégias para acabar com as atividades ilegais e estabelecer uma mineração em bases sustentáveis respeitando as áreas protegidas e o direito dos povos indígenas e atendendo os mais elevados padrões de cuidado com a biodiversidade, solo e a água”, afirmou Tasso Azevedo, Coordenador Geral do MapBiomas.