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Segundo filhote de anta nasce no Rio de Janeiro após 100 anos de extinção

Segundo filhote de anta nasce no Rio de Janeiro após 100 anos de extinção
Crédito: João Pedro Stutz/Projeto Guapiaçu

Flora e Júpiter, duas antas reintroduzidas na Reserva Ecológica de Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro, tiveram seu primeiro bebê. O filhote é o segundo da espécie a nascer em terras cariocas em um século. As antas foram extintas no estado há mais de 100 anos devido à caça predatória e ao desmatamento.

Por meio de armadilhas fotográficas, pesquisadores do Projeto Guapiaçu e Refauna, responsável pela reintrodução da espécie, viram o filhote de cerca de seis meses passeando com a mãe na reserva. Os pais do jovem, Flora e Júpiter, viajaram mais de mil quilômetros para chegar no Rio, em 2018, junto da anta Valente. Os três viviam no Parque Ecológico Klabin, no Paraná.

Os animais se juntaram ao casal Eva e Floquinho, que foi reintroduzido um ano antes. Em 2020, eles tiveram o primeiro filhote, batizado de Curumim. O primeiro nascimento foi um marco no retorno das antas às florestas fluminenses, enquanto o segundo confirma o sucesso da iniciativa.

“O nascimento de um novo filhote é sinal de que a reintrodução está no caminho certo. A equipe ficou muito feliz e torce para que todo ano sejamos surpreendidos com o nascimento de novos filhotes”, comemorou o professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e coordenador do projeto, Maron Galliez.

Galliez explica que a meta é continuar reintroduzindo antas na floresta para estabelecer uma população viável, que não necessite de intervenção humana para se alimentar.

Nas próximas semanas, três novas moradoras chegarão à reserva. Nascidas em cativeiro na Bahia, as antas iniciarão o processo de aclimatação e depois serão soltas na floresta. No total, 11 antas já foram reintroduzidas na reserva.

No vídeo, é possível ver a mãe Flora e seu filhote:

A jardineira das florestas está ameaçada

A dieta herbívora e generalista faz com que a anta seja importante na dispersão de sementes, por isso é conhecida como jardineira das florestas. Ao se alimentar dos frutos de uma árvore, o animal mastiga apenas a polpa e devolve as sementes quase intactas à terra pelas fezes. Devido ao grande porte, o mamífero circula até 15 quilômetros por dia, distribuindo sementes por onde passa.

Apesar de comum no Brasil, a espécie enfrenta inúmeras ameaças. Em 2005, já foi considerada extinta em 14% de sua área de distribuição, que cobria, originalmente, cerca de 13 milhões de km². Por ter ciclo reprodutivo longo, com 13 a 14 meses de gestação e apenas um filhote por ninhada, a anta é muito vulnerável a pressões.

No Cerrado e na Mata Atlântica a situação é crítica. No primeiro bioma, a anta sofreu declínio de aproximadamente 67% nos últimos 40 anos, de forma que 80% das populações têm baixa probabilidade de sobrevivência a longo prazo. Nas florestas atlânticas, as populações com menos de 200 indivíduos (70% do total) podem desaparecer em até 33 anos, ou seja, em até três gerações.