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Nova espécie de mini sapo é encontrada na Serra da Mantiqueira

Nova espécie de mini sapo é encontrada na Serra da Mantiqueira
Coloração forte indica presença de toxinas na pele do sapo

Espalhados ao longo de quase 1.700 quilômetros, de Santa Catarina ao sul da Bahia, os sapos do gênero Brachycephalus são espécies únicas, que só ocorrem na Mata Atlântica brasileira. Popularmente conhecidos como sapinhos pingo-de-ouro, eles recebem esse nome pela coloração amarelo-alaranjado vibrante e tamanho inferior a dois centímetros.

Recentemente, uma nova espécie do grupo foi descoberta no interior paulista, na região da Serra da Mantiqueira. O achado pertence a um grupo de oito pesquisadores, liderado pelo Projeto Dacnis, ONG que trabalha pela preservação da Mata Atlântica em São Paulo.

Batizado de Brachycephalus rotenbergae, o novo sapinho foi, por muito tempo, confundido com outra espécie de seu gênero: Brachycephalus ephippium, nativo do Rio de Janeiro. Acreditava-se que ephippium também ocorria em todo o estado de São Paulo, mas dois anos de estudos morfológicos e genéticos indicaram que a espécie analisada era totalmente desconhecida pela ciência.

Com a recém-descoberta, cresce para 37 o número de sapos do gênero Brachycephalus. O estudo de catalogação da espécie, publicado na revista científica PLOS One, detalha as diferenças de rotenbergae, como o formato da cabeça, canto, estrutura dos ossos e articulações, além do material genético distinto.

“O novo sapo-pingo-de-ouro se comparado com a espécie B. Ephippium (como era conhecido antes) é menor. Ele tem entre 1,4 e 1,7 centímetros, enquanto os outros têm cerca de dois. Também possuem, entre outras diferenças, uma coloração acinzentada nas costas e uma placa óssea distinta. A distância genética entre elas é de 3%”, explicou o coordenador de pesquisa do Projeto Dacnis, Edelcio Muscat.

O sapinho

Menor que um polegar, o sapinho se esconde em meio à folhagem no chão da floresta, onde se move vagarosamente. Chama a atenção pela combinação de olhos negros e coloração laranja vibrante, o que afasta predadores e adverte para as toxinas que expele. Assim como seus congêneres, é mais ativo durante o dia.

A Serra da Mantiqueira, onde é encontrado, possui uma das maiores diversidades de anuros da Mata Atlântica, sendo o lar de inúmeras espécies que não ocorrem em nenhum outro do mundo. Embora o sapinho não corra risco eminente de extinção, os pesquisadores destacam que a destruição do bioma, que possui cerca de 12% da cobertura original, pode ser uma grande ameaça à espécie.

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