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Pantanal sofre com a pior seca em meio século

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Pantanal sofre com a pior seca em meio século
Tempo seco favorece a ocorrência de incêndios florestais. Crédito: Chico Ribeiro/ Brasil de Fato [CC BY-NC-SA]

Os incêndios florestais que assolaram o Pantanal no ano passado, provocando a destruição de aproximadamente 30% do bioma, são resultado da pior seca dos últimos 50 anos. O ápice foi abril de 2020, o mês mais seco já registrado em 120 anos. As conclusões são de estudo inédito liderado pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).

De acordo com a pesquisa, as secas, aliadas às altas temperaturas, afetaram o funcionamento hidroclimatológico da região, diminuíram os níveis dos rios e aumentaram o risco de incêndios, afetando a população e a biodiversidade local. Estima-se, que 4,7 milhões de habitantes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram afetados pela seca extrema.

Os prejuízos ambientais são incalculáveis. Só em 2020, o Pantanal teve 40 mil quilômetros quadrados consumidos pelas chamas e milhares de animais morreram queimados. No período, foram registrados 22.116 focos de incêndio no bioma, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A região recebeu entre 50% e 60% menos chuva que o esperado e o nível de precipitação é um dos mais baixos da história. A redução do transporte de ar quente e úmido do verão da Amazônia para o Pantanal faz com que predominem massas de ar mais quentes e mais secas, condições ideais para propagação do fogo.

“As temperaturas mais altas e a redução das chuvas aumentam o déficit hídrico previsto nas áreas central e oriental das Bacias Paraná e Paraguai, durante a primavera e verão”, explicou o climatologista e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, José Marengo.

Para os pesquisadores, se as tendências atuais de gestão do clima e da terra persistirem, o Pantanal como o conhecemos deixará de existir, ainda mais se políticas anti-ambientais forem adotadas. “Para evitar impactos devastadores, o mundo precisa de ação urgente nas próximas décadas, com mudanças radicais até 2050”, indicou o estudo.