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Quilombo Kalunga é o primeiro a ser reconhecido por programa ambiental da ONU

Quilombo Kalunga é o primeiro a ser reconhecido por programa ambiental da ONU
Crédito: Associação Quilombo Kalunga

As comunidades quilombolas que vivem no Território Kalunga, em Goiás, há mais de 300 anos, finalmente tiveram seu sítio histórico reconhecido como TICCA (Territórios e Áreas Conservadas por Comunidades Indígenas e Locais). Instituído pelas Nações Unidas, o título é o primeiro a ser concedido a um território brasileiro.

Rico em cultura, água e diversidade biológica, o quilombo de 262 mil hectares está situado entre as cidades de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás, na Chapada dos Veadeiros. Dezenas de comunidades quilombolas vivem no local, tendo a agricultura tradicional como um dos principais meios de subsistência. Nas plantações, os quilombolas não utilizam maquinas, nem agrotóxicos.

O título global é dado a territórios comunitários e tradicionais que unem preservação ambiental e cultural. Para ser classificada como TICCA, a comunidade precisar ter profunda conexão com o lugar, respeitar e cuidar da terra, tendo em vista a conservação da natureza e o bem-estar de seu povo.

O presidente da Associação Quilombo Kalunga (AQK), Jorge Moreira de Oliveira, falou do orgulho de receber o título. “Isso significa que ainda temos muitos frutos, muita natureza e muitas belezas conservadas. Acredito que agora teremos mais parceiros para nos ajudar na luta pela conquista de todo o nosso território”, disse à Agência Brasil.

A classificação do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Quilombo Kalunga como TICCA, abre espaço para que outras comunidades sejam reconhecidas e preservadas. Hoje, povos tradicionais e indígenas em todo o Brasil sofrem com o avanço da grilagem, do desmatamento e dos garimpos ilegais.

“Ganhamos autonomia na gestão da nossa terra. Agora que estamos listados no mapa internacional das comunidades tradicionais como TICCA, temos esperança de nos unirmos nessa luta com outras comunidades pelo mundo”, destacou o coordenador de projetos da AQK, Damião Moreira Santos.