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Em vias de extinção, muriqui-do-norte se reproduz em Minas Gerais

Em vias de extinção, muriqui-do-norte se reproduz em Minas Gerais
Crédito: Priscila Pereira

O nascimento de um muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), o maior primata das Américas, foi registrado na Zona da Mata mineira, em Conceição da Ibitipoca, distrito de Lima Duarte. O animal está entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas de extinção do mundo, restando menos de 900 indivíduos na natureza.

Endêmico da Mata Atlântica, o muriqui é encontrado nos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Seu nascimento, aponta o sucesso de uma experiência inédita de manejo da espécie, coordenada pelo Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB). Pela primeira vez, um grupo de muriquis-do-norte foi reunido em cativeiro.

Para colocá-los em contato, os pesquisadores construíram um grande viveiro em 2019, batizado de Casa do Muriqui (Muriqui House), inserindo no ambiente indivíduos que, antes, viviam isolados. Todos os hóspedes chegaram no ano passado, sendo a Ecológica, a primeira moradora. Logo após, chegaram dois machos, os irmãos Bertolino e Luna, e mais uma fêmea, apelidada de Socorro.

Após um período de ressocialização, os quatro foram soltos em uma mata nas proximidades do recinto, em fevereiro deste ano. Tudo indica que foi nesse momento que o acasalamento aconteceu, já que Ecológica foi vista com um filhote no colo no mês passado. Como a gestação dos muriquis dura em média sete meses, a cópula provavelmente aconteceu logo após a soltura no recinto maior.

Segundo os pesquisadores, há grandes chances de Bertolino ser o pai do filhote, o mais velho dos irmãos, com quase 30 anos. Ele já foi visto, anteriormente, acasalando com outras fêmeas, ao contrário de seu irmão, Luna.

Eliot, foi o nome escolhido por votação popular, para nomear o pequeno muriqui. O nome é uma homenagem à comunidade dos Eliotas, que ajudou no monitoramento e captura da mãe, Ecológica.

“Nunca tínhamos tido essa oportunidade de ter os bichos numa condição de controle como essa. Lá a gente tem uma mata de um hectare e meio, cercada e que fica junto de um grande viveiro que construímos. Nós utilizamos esse grande recinto para colocar os bichos para se conhecerem”, contou o biólogo e coordenador do projeto, Fabiano Rodrigues de Melo.

Segundo ele, esses animais ficam tantos anos sozinhos e isolados que, às vezes, nem reconhecem os indivíduos da própria espécie. “Esse filhotinho macho é o primeiro caso de sucesso de uma reprodução nessas condições. É uma espécie que nunca passou por essa experiência”, declarou.

Muriqui-do-norte

De grande importância ecológica, os muriquis podem dispersar, em um único dia, sementes de até oito espécies de plantas, por isso são considerados um dos maiores dispersores e restauradores da Mata Atlântica. O bioma possui, hoje, apenas 12% de sua cobertura original.

Também conhecido como mono-carvoeiro e buriqui, o macaco mede aproximadamente um metro de altura e pesa entre 12 e 15 quilos. Está ameaçado pela perda, fragmentação e degradação da qualidade de seu hábitat, caça e expansão agrícola.

Por se tratar de um primata de grande porte, possui vocalização singular e de longo alcance. Apesar da facilidade de identificá-lo pelo som que emite, suas populações são escassas e vivem em áreas montanhosas, de difícil acesso, sendo raras as chances de se deparar com um muriqui.

Com informações de Tribuna de Minas