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Supermercados franceses boicotam soja brasileira com rastro de desmatamento

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Supermercados franceses boicotam soja brasileira com rastro de desmatamento

A relação entre as exportações brasileiras e o desmatamento provocou mais uma reação do mercado internacional. Sete grandes redes de supermercados franceses – Carrefour, Casino, Auchan, Lidl, Metro, Système U, Mousquetaires e Leclerc – anunciaram a inserção, a partir de 2021, de cláusulas mais rígidas quanto ao controle ambiental da soja produzida pelo Brasil.

Os compradores internacionais querem garantir que não estão financiando a degradação ambiental no país. Entre 2008 e 2018, aproximadamente 2 milhões de toneladas da soja cultivada ilegalmente no Brasil podem ter tido como destino os mercados europeus, de acordo com estudo desenvolvido por pesquisadores do Brasil, Alemanha e Estados Unidos.

A pesquisa estima que ao menos 20% das exportações brasileiras de soja estão ligadas à destruição florestal nos dois maiores biomas do Brasil: Amazônia e Cerrado. As novas regras vêm para proteger especialmente o último bioma, que é o mais impactado pelos cultivos do grão.

Os supermercados franceses pedem para que, a partir de janeiro do ano que vem, a soja exportada não seja proveniente de terras desmatadas após 1º de janeiro de 2020, independentemente de ser desmatamento ilegal ou legal, isto é, autorizado pelo Código Florestal Brasileiro.

“Coletivamente, temos mais peso para atuar. Convocamos todos os atores da cadeia de abastecimento a se unirem a nós para lutarmos juntos contra o desmatamento e a conversão de terras ligados à cultura soja”, disse Bertrand Swiderski, diretor de responsabilidade social corporativa do Grupo Carrefour.

Para Etelle Higonnet, diretora sênior de campanha da organização ambiental Mighty Earth, os varejistas franceses “estão finalmente ouvindo as preocupações de seus clientes e liderando um esforço de toda a indústria para limpar toda a cadeia de abastecimento da soja francesa”.

Pressão externa

A relação entre o Brasil e seus parceiros comerciais continua abalada, sobretudo pelo posicionamento desfavorável do presidente Jair Bolsonaro frente à proteção do meio ambiente. Cada dia mais compradores condicionam a compra de commodities à execução de compromissos ambientais, pois não querem sua imagem atrelada a atividades predatórias.

Em junho, organizações ambientalistas de todo o país enviaram ofício à presidência e aos Estados-membros da União Europeia, sugerindo a inserção de cláusulas rígidas quanto ao controle ambiental de atividades agropecuárias, madeireiras e qualquer outra que possa impactar os ecossistemas naturais. Proposto pela Amda, o documento foi assinado por 63 ONGs.

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