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Três cidades mineiras destruíram mais de 17 mil hectares de Mata Atlântica na última década

Três cidades mineiras destruíram mais de 17 mil hectares de Mata Atlântica na última década
Mata Atlântica é considerada um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo./Crédito: Germano Woehl Jr./ Instituto Rã-bugio.

Em ritmo de destruição alarmante, a Mata Atlântica perdeu mais de 14 mil hectares entre 2018 e 2019, um aumento de 27,2% em comparação ao último período analisado. O que mais impressiona é fato de que só 3% dos municípios do bioma sejam responsáveis por mais de dois terços (71%) do desmatamento registrado no período. Isto é, a destruição está concentrada em apenas 100, das 3.429 cidades sob domínio do bioma.

Dos 100 municípios que mais suprimiram a vegetação nativa, 40 estão em Minas Gerais, 23 na Bahia, 22 no Paraná e 15 em outros estados. As informações são do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“O que nos impressiona é a atitude negativista do governo frente ao assunto, escudando-se em argumentos irrelevantes como “Minas tem a maior área de Mata Atlântica do país”. Queremos uma política de governo, pactuada e transparente com a sociedade, pois o governo tem obrigação constitucional de proteger o que restou do bioma no Estado. Derrubar a Mata Atlântica não é interesse social. É privado. Mas, entra governo, sai governo e o desmatamento continua”, afirma Dalce Ricas, superintendente da Amda.

Ranking

O município de Manoel Emídio (PI) foi o que mais derrubou a Mata Atlântica entre 2018 e 2019, com 879 hectares. Há dez anos, a cidade é a maior destruidora do bioma ao lado de Alvorada do Gurgueia, também no Piauí, onde o desmatamento diminuiu e não aparece no ranking. Em segundo lugar ficou Gameleiras, em Minas Gerais, que desmatou 434 ha no período.

Veja o ranking completo – 2018/2019

Colocação

Município / UF

Hectares desmatados

Manoel Emídio (PI)

879

Gameleiras (MG)

434

Canto do Buriti (PI)

404

Nova Laranjeiras (PR)

332

Cotegipe (BA)

287

Porto Seguro (BA)

240

Guarapuava (PR)

218

São Félix do Coribe (BA)

193

Jequitinhonha (MG)

191

10º

Santa Luzia (BA)

188

Minas lidera destruição

Assim como o Piauí, Minas Gerais é figurinha carimbada no ranking de desmatamento. Na última década, a 3º, 4º e 5º colocações ficaram sempre com os municípios mineiros de Ponto dos Volantes, Águas Vermelhas e Jequitinhonha. Os dois últimos, por algum motivo, registraram queda de 20% e 64% com 191 e 137 hectares desmatados, respectivamente, saindo do topo da lista e ocupando o 9º e 21º lugares.

De acordo com o levantamento, esses municípios fazem parte, desde 2012, do chamado Triângulo do Desmatamento da Mata Atlântica. Na última década, Ponto dos Volantes, Águas Vermelhas e Jequitinhonha foram responsáveis pela destruição de mais de 17 mil hectares de Mata Atlântica. Embora Manoel Emídio e Alvorada do Gurgueia liderem o acumulado dos últimos 10 anos, os municípios mineiros, juntos, fizeram maior estrago.

Entre 2018 e 2019, Minas perdeu quase 5.000 hectares de floresta nativa, fazendo do Estado campeão de desmatamento da Mata Atlântica mais uma vez. A expansão da fronteira agropecuária – apesar da quantidade de áreas já desmatadas e inutilizadas – crescimento urbano, fabricação de carvão, minerações predatórias e incêndios são citados pela Amda como as principais causas do desmatamento.

Não podemos nos calar diante da destruição dos nossos rios, animais e florestas. Assine petição e ajude a proteger a Mata Atlântica. Faça sua parte!

Metodologia

O Atlas dos municípios traz informações de todos os remanescentes de vegetação nativa e áreas naturais do bioma acima de três hectares. Para as cidades do Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo é possível obter dados acima de um hectare.