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Bolsonaro diz que Amazônia está intacta e não “arde em fogo”

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Bolsonaro diz que Amazônia está intacta e não “arde em fogo”
Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro voltou a negar a existência de queimadas na Amazônia, embora os dados produzidos por seu próprio governo indiquem o contrário. Em discurso na 2ª Cúpula Presidencial do Pacto de Letícia, na última terça-feira (11), o presidente disse aos países amazônicos que o Brasil age com “empenho” para combater os incêndios e que a Amazônia não “arde em fogo”.

Assinado em setembro de 2019, o Pacto de Letícia tem como signatários a Colômbia, Peru, Bolívia, Brasil, Equador, Guiana e Suriname. O objetivo é coordenar ações em prol da região amazônica. Durante a última reunião da cúpula, Bolsonaro destacou que um sobrevoo entre Manaus e Boa Vista constataria a inexistência de fogo e desmatamento.

“Não acharão nenhum foco de incêndio, nem um quarto de hectare desmatado. Que essa floresta é preservada por si só. Até mesmo pela sua pujança, bem como por ser floresta úmida, como em grande parte dos senhores, não pega fogo”, declarou.

Em sua fala, Bolsonaro contraria dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontam crescimento de 28% no índice de queimadas registradas na Amazônia em julho, em comparação ao mesmo mês de 2019. Ele também promove falso entendimento sobre a umidade da floresta e a inexistência de incêndios florestais.

De fato, o fogo natural é raro na floresta amazônica por ser um ambiente úmido, mas isto não significa que ela seja imune às chamas. Todos os anos, entre julho a outubro, o bioma sofre com as queimadas. Madeireiros, grileiros e produtores rurais aproveitam a estação seca para renovar pastagens ou queimar a vegetação derrubada. Com a baixa umidade, o fogo se alastra com facilidade e provoca grandes incêndios.

O Inpe identificou 6.803 incêndios na região amazônica só em julho de 2020, contra 5.318 focos contabilizados no mesmo período do ano passado. A alta nos incêndios reflete a impunidade e o negacionismo do governo, que continua ignorando os crimes que causam a destruição da floresta.

A despeito dos dados, Bolsonaro afirmou que a Amazônia permanece “intacta” e os países amazônicos são “perfeitamente capazes de cuidar desse patrimônio”.