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Branqueamento na APA Costa dos Corais é o maior das últimas décadas

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Branqueamento na APA Costa dos Corais é o maior das últimas décadas
Branqueamento tira a cor e a vida dos corais./Crédito: Pedro Pereira

Recifes de corais dos destinos mais badalados do Nordeste brasileiro estão ameaçados pelo surto de branqueamento, um fenômeno que tira a cor e a vida dos corais. A causa é aquecimento recorde das águas, cujas temperaturas são as maiores dos últimos 35 anos e estão 2°C acima da média para o período.

O branqueamento ocorre quando as algas microscópicas, que vivem em simbiose com o coral, são expulsas devido ao aquecimento da água. Responsáveis por dar cor e também alimentar, sem a presença dessas plantas o animal torna-se frágil e suscetível a doenças.

Entre os locais mais afetados pelo branqueamento no Nordeste brasileiro estão a Praia dos Carneiros (PE), Fernando de Noronha e a Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa dos Corais, em Alagoas e Pernambuco, onde está Maragogi e outros pontos turísticos famosos.

Em expedição à APA Costa do Corais, equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Projeto Conservação Recifal (PCR) depararam-se com altas taxas de mortandade nos recifes.

A mortalidade das colônias de corais de fogo (Millepora alcicornis e M. braziliensis) ultrapassou os 60%. No caso de Mussismilia harttii, espécie em vias de extinção, o índice de mortes chegou a 40%.

De acordo com os pesquisadores, essa é a maior anomalia térmica registrada na APA nos últimos 35 anos, com a água do mar atingindo picos de 32°C. É provável que este também seja o maior evento de mortalidade de corais das últimas décadas.

Expedição

Os mergulhos foram realizados entre os dias 20 e 24 de julho, em Maragogi (AL), com objetivo de avaliar os efeitos do isolamento social nos ambientes recifais. Isto é, os pesquisadores queriam saber como o ambiente se comportou na ausência de visitação, pesca artesanal e de outras atividades humanas.

“Infelizmente, apesar do intervalo concedido ao ambiente devido ao isolamento social, os efeitos do branqueamento dos corais foram devastadores, sendo observado o alto índice de mortalidade destes animais”, indicou o ICMBio Costa dos Corais.

O calor é a principal causa do branqueamento em massa, mas outros fatores, como poluição e o derramamento de óleo – que assolou o litoral do Nordeste no ano passado – também podem interferir no processo.

“A composição calcária do recife de coral é bastante resistente à ação das ondas e das marés. Porém, muito frágil a mudanças do ecossistema. Estima-se que 27% de todos os recifes de coral do mundo já foram irreversivelmente degradados por causa do aquecimento global e ações predatórias, como o crescimento irregular das cidades costeiras e a poluição, informou o Projeto Conservação Recifal.