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Polo Sul se aquece três vezes mais rápido que o restante do planeta

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Polo Sul se aquece três vezes mais rápido que o restante do planeta

Até então considerado imune ao aquecimento global, o Polo Sul tem se aquecido em taxas alarmantes. Em estudo, publicado na revista Nature Climate Change, no último dia 29, pesquisadores constataram que a região esquentou três vezes mais rápido que o restante do planeta nos últimos 30 anos.

As temperaturas na estação americana Amundsen-Scott, no Polo sul, na Antártida, subiram 0,6°C por década entre 1989 e 2018, contra 0,2°C da média mundial. Isto é, o polo aqueceu 1,8ºC em três décadas, o triplo que o resto do mundo. O ano de 2018 foi o que registrou a maior alta desde o início das medições, na década de 1950, com 2,4°C acima da média histórica.

De acordo com os especialistas, a fenômeno pode ser explicado por uma forte anomalia ciclônica no mar de Weddell, causada pelo aumento da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico tropical ocidental, que transferiu o ar quente e úmido do Atlântico Sul para o interior da Antártida.

“Isso mostra como o clima da Antártida está intimamente ligado à variabilidade tropical. Nosso estudo também mostra como a variabilidade interna atmosférica pode induzir mudanças climáticas regionais extremas em todo o interior da Antártida, que mascararam qualquer sinal de aquecimento antropogênico [resultante da ação humana] durante o século XXI”, indicou a pesquisa.

Como a temperatura oscila muito no Polo Sul, os efeitos das mudanças no clima causadas pelo homem são encobertos. De acordo com o líder da pesquisa, Kyle Clem, da Universidade Victoria em Wellington, na Nova Zelândia, embora o aquecimento no polo seja atribuído majoritariamente à variabilidade natural, os seres humanos também estão contribuindo com esse cenário.

Acredita-se que a oscilação natural da temperatura na Antártida – devido à influência dos trópicos – aliada às mudanças climáticas causadas pelo homem têm provocado no Polo Sul níveis de aquecimento incomuns no restante do mundo. Até então, a comunidade científica suponha que o local era imune ao aquecimento global, por ser uma zona remota e com frio extremo.

“O aquecimento observado excede 99,9% de todas as tendências possíveis sem influência humana. Isso significa que o aquecimento recente é extremamente improvável sob condições naturais, embora não seja impossível. Parece que os efeitos da variabilidade tropical trabalharam juntos com o aumento dos gases de efeito estufa e o resultado final é uma das tendências de aquecimento mais fortes do planeta”, destacou o líder do estudo.