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Áreas protegidas do Xingu concentram desmatamento na Amazônia

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Áreas protegidas do Xingu concentram desmatamento na Amazônia
Terra Indígena Trincheira Bacajá

A grilagem de terras, o roubo de madeira e os garimpos ilegais avançam sobre a bacia do rio Xingu, fazendo do trecho líder de desmatamento na Amazônia Legal. Só neste ano, aproximadamente 9 mil hectares foram desmatados em áreas protegidas ao longo da bacia, entre os estados do Pará e Mato Grosso. É mais que o dobro registrado no mesmo período de 2019.

Os dados, do Sirad X (sistema de monitoramento da Rede Xingu+) integram carta assinada por ONGs ambientalistas, como Greenpeace e Instituto Socioambiental (ISA), que alertam para explosão do desmatamento na floresta. No ano passado, o Brasil já registrou a maior taxa de desmate na Amazônia Legal dos últimos dez anos e este cenário tende a piorar e 2020.

Entre agosto de 2019 e abril de 2020, o Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter-B), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), emitiu alertas de desmate para 566 mil hectares na Amazônia Legal. O crescimento foi de 94% em relação ao período anterior, de agosto de 2018 a abril de 2019. No Pará, esse aumento chegou a 170%.

De acordo com o levantamento, os números mostram como o desmatamento está se interiorizando, atingindo áreas até então intocadas, incluindo áreas protegidas. As unidades de conservação e terras indígenas do Xingu estão entre os pontos mais vulneráveis ao avanço do desmate no bioma amazônico.

Epicentro do desmatamento

A análise dos dados fornecidos pelo sistema de monitoramento Sirad X aponta que 25% da derrubada florestal ocorreu dentro de áreas protegidas, somando quase 9 mil hectares, 56% a mais que no mesmo período de 2019.

Alvos de invasões e garimpos ilegais, cinco terras indígenas e três unidades de conservação concentraram 38% do desmatamento detectado na bacia do Xingu entre agosto de 2019 e abril de 2020 e 95% do total desmatado em todas as áreas protegidas da bacia.

Juntas, a Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, Flona de Altamira, Estação Ecológica da Terra do Meio e Terras Indígenas Cachoeira Seca, Ituna Itatá, Apyterewa, Trincheira Bacajá e Kayapó somaram quase 43 mil hectares (ha) de desflorestamento. Só a primeira reserva foi responsável por 18.113 ha desmatados no período.

De acordo com o levantamento, a APA Triunfo do Xingu é ocupada por produtores rurais que há décadas aguardam titulação de suas propriedades, o que abre brecha para a ação de grileiros. Ao todo, a APA já contabilizou mais de 600 mil hectares desmatados em seu território. Isto representa a destruição de mais de um terço de sua vegetação.

“É preciso regularizar quem está há anos ocupando a terra produtivamente, mas não se pode recompensar grileiro, que desmata para especular com a terra, que não estabelece uma produção economicamente sustentável. É a expectativa dessa regularização, que beneficie qualquer um com área aberta e pasto, que estimula grileiros a desmatar”, pontuaram as ONGs.

As organizações encaminharam o documento, no último dia 17, ao Ministério Público Federal e Estadual do Pará, bem como ao governo do Estado. Elas pedem para que sejam tomadas ações efetivas e urgentes a nível federal e estadual para coibir o desmatamento, levando em conta os dados de desmatamento na Amazônia Legal e a ocorrência de crimes ambientais em áreas críticas.