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Brigadistas da Amda resgatam filhotes abandonados no Parque da Serra do Rola Moça  

Brigadistas da Amda resgatam filhotes abandonados no Parque da Serra do Rola Moça   
Divulgação Amda

No último dia 13, os brigadistas da Amda resgataram cerca de 10 filhotes de cães abandonados no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, na região metropolitana de Belo Horizonte. Deixados em uma caixa de papelão sem água e comida, os animais foram levados para a base da brigada, onde foram alimentados e receberam os cuidados necessários.

“Se eles não fossem socorridos de imediato, com certeza iriam morrer, considerando o frio que faz naquela região”, disse o brigadista Gustavo Henrique de Souza, um dos responsáveis pela ação. Ele destacou a sensibilidade da equipe, que se prontificou a acolher os filhotes e ainda encontrar um lar para cada um deles.

Tamanho foi o empenho que em menos de uma semana, todos os filhotes foram adotados. Alguns deles foram levados pelos próprios brigadistas, que se comoveram com a situação dos bichos. Embora a história tenha um final feliz, Gustavo destaca que esta não é a primeira vez que encontra animais abandonados no parque, inclusive, vítimas de maus tratos. Muitos não têm a mesma sorte e acabam morrendo de fome e frio.

O parque virou um ponto diário de abandono e o problema vai além da fauna doméstica. Francisco Mourão, biólogo da Amda que atua há anos no Rola Moça, relatou que os animais abandonados formam matilhas de caça para sobreviver e predam massivamente a fauna silvestre dentro da unidade de conservação.

A situação se agrava ao passo que nenhuma providência é tomada pelo poder público para coibir o abandono e a proliferação desses animais dentro do parque. Para Lígia Vial, assessora jurídica da Amda, o abandono constante no Rola Moça demonstra o descaso do governo estadual e das prefeituras de Belo Horizonte, Ibirité, Brumadinho e Nova Lima com o parque e com os animais.

“Apesar da importância do Rola Moça para esses municípios gerando renda e fornecendo água potável para a população, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e os municípios sequer colocam vigilância motorizada, câmeras e placas informativas eficientes no parque para impedir atividades criminosas” destacou Lígia.

Além disso, o Estado e as prefeituras têm ações tímidas e ainda ineficientes de educação ambiental junto à população para coibir em maior quantidade o abandono, os maus tratos e animais domésticos e para promover castração gratuita ou a baixo custo para a população carente.

Simone Oliveira, integrante de grupos de proteção aos animais que atuam na região, também ressalta que é necessário um trabalho mais efetivo. Ela sugeriu a adoção de câmeras (sem pontos cegos) que façam filmagens noturnas, para que os responsáveis possam ser identificados e penalizados.

Atualmente, Simone e outros protetores locais dependem de doações e recursos próprios para financiar as atividades de castração, vacinação e assistência médica em prol dos animais abandonados dentro do parque e em suas adjacências. Além custear tratamentos de bichos desamparados, eles oferecem serviços a baixo custo para pessoas de baixa renda castrarem e vacinarem seus pets.

O Instituto Casa Branca, em que Simone atua, castra ao menos cinco animais por mês, auxiliando no controle populacional de cachorros e gatos de rua. Graças ao trabalho desenvolvido pelo instituto, as fêmeas encontradas pelos brigadistas da Amda poderão ser castradas.

“No momento, não temos nenhuma parceria com empresas patrocinadoras. Só mesmo a boa vontade de algumas pessoas. As prefeituras municipais falham muito em não ter um programa de castração gratuito para a população, mesmo que atingisse apenas os de baixa renda. Belo Horizonte é uma exceção, mas com a pandemia o programa está suspenso”, destacou.

A protetora lamentou a posição da atual gerência do parque, que negligencia o problema e demonstra pouco interesse em resgatar os animais domésticos abandonados dentro da unidade de conservação. Simone conta que inúmeros pets deixados no parque só sobreviveram e receberam um lar, pois foram acolhidos pelos protetores locais.