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Amazônia perdeu quase 10 mil km² de floresta entre 2018 e 2019

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Amazônia perdeu quase 10 mil km² de floresta entre 2018 e 2019
Imagem aérea mostra desmatamento na Amazônia / Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

Entre agosto de 2018 e julho de 2019 foram desmatados 9.762 km² da Amazônia, área equivalente a oito vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Esta é a maior taxa desde 2008 e a terceira maior alta percentual da devastação na história (29,5%), perdendo apenas para 1995 (95%) e 1998 (31%). Os dados são do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e confirmam a tendência de alta significativa (49%) apontada por outro sistema, o Deter, que monitora o desmate em tempo real.

O Pará lidera o ranking dos estados que mais desmataram a Amazônia, destruindo 3.862 km² (39,56%). Em seguida estão Mato Grosso, com 1.685 km² (17,26%), Amazonas, com 1.421 km² (14,56%), e Rondônia, com 1.245 km² (12,75%). Juntos, os quatro estados somaram 8.213 km² de desmatamento, o que representa cerca de 84% do total.

As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (18) com a presença dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência, Marcos Pontes. Diferentemente de anos anteriores de elevação da taxa, nenhum plano foi apresentado pelo governo para reverter a situação. De acordo com Salles, as ações serão discutidas nesta quarta-feira (20) durante reunião dos ministros com os nove governadores dos estados amazônicos.

Em 1995, Fernando Henrique Cardoso elevou os limites de proteção do Código Florestal; em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva criou o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), que Salles e Bolsonaro enterraram; em 2008, o governo criou uma lista dos municípios críticos e cortou crédito rural para desmatadores.

Luiz Paulo Pinto, biólogo e conselheiro da Amda, espera que os dados alarmantes sirvam de alerta “para mudanças de rumo da política ambiental equivocada adotada pelo novo governo”. “Depois de muito trabalho, planejamento, pactos e medidas sérias que conseguiram controlar e reverter o cenário de destruição da Amazônia, voltamos a situação inaceitável de 10 anos atrás. O país tem os elementos essenciais para trilhar o caminho da sustentabilidade e do bem-estar para sua população e proteção do nosso patrimônio natural, ou seja, excelentes centros de ciência e tecnologia, pessoal capacitado, fortes parcerias, e uma biodiversidade extraordinária”, afirmou. Para ele, a Amazônia precisa de uma agenda criativa, investimentos sustentáveis e apoio de toda sociedade. “Só assim evitaremos esse desastre que volta a nos assombrar”, disse.

“O dado divulgado pelo Inpe é o indicador mais importante do impacto da gestão Bolsonaro/Salles para o meio ambiente do Brasil até agora: um imenso desastre. E propostas como legalização da grilagem de terras públicas, mineração e agropecuária em terras indígenas, infraestrutura sem licenciamento ambiental só mostram que os próximos anos podem ser ainda piores”, afirmou Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima.