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Governo libera mais 63 agrotóxicos

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Governo libera mais 63 agrotóxicos
Crédito: Greenpeace

O Brasil segue quebrando recordes quando o assunto é liberação de agrotóxicos. Nesta terça-feira (17), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) registrou 63 novos venenos, totalizando 353 apenas em 2019. Na última década, o ritmo de liberação de veneno nunca esteve tão acelerado.

Dos 63 novos produtos registrados, três são considerados altamente perigosos para o meio ambiente, 44 são muito perigosos e 16 são perigosos. Em relação à saúde humana, 15 são extremamente tóxicos (classe I), 10 são altamente tóxicos (classe II), 30 são medianamente tóxicos (classe III), dois são pouco tóxicos (classe IX) e seis acompanham o perfil toxicológico do produto técnico de referência. Desta vez, não houve nenhum registro de agrotóxico classificado como pouco tóxico.

Entre as novidades estão os princípios ativos fluopiram, indicado para combater parasitas que atacam raízes das plantas, e o dinotefuram, um inseticida. Este último é utilizado no controle de insetos sugadores, como percevejos, e é considerado extremamente tóxico pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O governo liberou também cinco agrotóxicos inéditos, baseados nos seguintes princípios ativos: três à base da mistura de sulfoxaflor e lambda-cialotrina, um formulado a partir de fluopiram e um com base no fluorpiauxifen-benzil. Todos são considerados medianamente tóxicos pela Anvisa. O sulfoxaflor, aprovado no “apagar das luzes” de 2018, é diretamente relacionado à mortandade de abelhas. Devido à sua periculosidade aos insetos, ele foi proibido em algumas culturas nos Estados Unidos e seu uso é coberto de ressalvas.

A nova liberação ocorreu um dia após representantes da sociedade civil se reunirem em Comissão Geral na Câmara dos Deputados para discutir a utilização de agrotóxicos. Especialistas criticaram a possível aprovação do Pacote do Veneno e sua aplicação em “doses homeopáticas” pelo governo.

“De que adianta promover um debate, em que foi defendida a importância de uma transição de nossa agricultura para um modelo que não nos envenene se, menos de 24 horas depois, o governo libera autoritariamente mais substâncias tóxicas ao meio ambiente e à nossa saúde? Esse é o governo do veneno, dando as costas para a sociedade”, afirmou Marina Lacôrte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace.

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Número de agrotóxicos aprovados até maio deste ano corresponde a 43% do total registrado em 2018