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Extração do gás de xisto acelera emissões de metano

O fraturamento hidráulico, ou fracking, método altamente poluente que extrai gás de xisto do subsolo, pode ser a causa do aumento da concentração de gás metano na atmosfera nos últimos anos. A conclusão é de estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

Segundo a pesquisa, na última década, a obtenção de gás natural por meio do fraturamento hidráulico pode ter contribuído com mais da metade do aumento nas emissões globais dos combustíveis fósseis, um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global. Desde 2008, as concentrações de metano na atmosfera aumentaram significativamente: os níveis do gás subiram 7% entre 2008 e 2014 em comparação com a média de 2000 a 2007. O metano é considerado o segundo gás de efeito estufa mais nocivo, ficando atrás apenas do dióxido de carbono.

Para provar a relação entre a alta nas emissões de metano e a extração de gás por fracking, os especialistas analisaram a composição química do metano depositado na atmosfera nos últimos anos e, então, determinaram sua origem. Os pesquisadores esclarecem que é possível distinguir o metano emitido pelo fraturamento hidráulico pois ele possui propriedades diferentes do emitido por formas tradicionais de produção de gás natural e pelos demais combustíveis fósseis.

O fracking é um método não convencional de extração de gás natural, no qual são inseridas sondas no solo – de até 3 mil metros de profundidade – que injetam mais de 700 sustâncias químicas diluídas em água e em altíssima pressão. Esse processo faz com que as rochas “fraturem” e, com isso, o gás seja extraído.

Durante o procedimento também ocorre liberação de metano pelas fissuras na rocha. Parte das toxinas injetadas nas paredes rochosas ainda é depositada em tanques a céu aberto, o que facilita a evaporação das substâncias e, consequentemente, seu acúmulo na atmosfera.

No século passado, o gás de xisto não era comercialmente desenvolvido, mas o avanço das tecnologias – que possibilitou a exploração de camadas mais profundas de gás natural – aumentou dramaticamente as emissões globais de metano. “A produção global de gás de xisto aumentou 14 vezes nos últimos anos, passando de 31 bilhões de metros cúbicos por ano em 2005 para 435 bilhões de metros cúbicos por ano em 2015”, indicou o estudo.

Emissões totais

Apesar de compreender a maior parte das emissões da última década, a produção de gás de xisto não é a única causa do aumento de metano na atmosfera. Entre 2008 e 2014, as 570 bilhões de toneladas do gás emitidas anualmente passaram para 595 bilhões devido às atividades humanas.

Os autores do estudo destacam a necessidade de cessar as emissões de metano, considerando os compromissos do Acordo de Paris em manter o aumento da temperatura em torno de 1,5°C. Diferentemente do gás carbônico (CO2), o metano se dissipa rapidamente quando as emissões são reduzidas, por isso limitar sua liberação na atmosfera pode ser a forma mais ágil e eficaz de conter o aquecimento do planeta.