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Desertificação ameaça 13% do território da Caatinga

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Desertificação ameaça 13% do território da Caatinga
Caatinga é o semiárido mais biodiverso do mundo /Crédito:Eraldo Peres/ Ministério do Meio Ambiente

Ocupando aproximadamente 11% do Brasil, a Caatinga é o semiárido mais biodiverso do mundo e o único bioma exclusivamente brasileiro. A principal ameaça ao bioma não é o clima seco, mas a má gestão do solo, que têm transformado o ecossistema em deserto.

Segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), uma extensão de 126.336 km², cerca de 13% do semiárido brasileiro, está sendo desertificada. Os dados são de monitoramento realizado entre 2013 e 2017 e divulgado no início de julho.

Estima-se que outros 1.340.863 km² não estão sendo convertidos em deserto, mas são considerados locais suscetíveis à desertificação, considerando a grande vulnerabilidade do solo às atividades humanas. A área corresponde a 16% do território brasileiro e equivale ao tamanho da França, Alemanha, Itália e Holanda juntas. Ao todo, 11 estados abrangem as zonas sujeitas à desertificação, sendo nove na região Nordeste e duas no Sudeste.

Regiões áridas como a Caatinga são as mais prejudicadas pelos processos de desertificação. Análises do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vinculado às Nações Unidas, indicaram que 50% do bioma sofrem com algum tipo de degradação. Há zonas em que a destruição é ainda mais intensa, a exemplo de Seridó e Cariris, no sertão nordestino.

Nos últimos dez anos, o processo se tornou mais intenso no semiárido brasileiro devido às fortes secas e às alterações no clima da região. Junto das atividades humanas insustentáveis, os eventos climáticos extremos vêm intensificando a degradação dos solos. Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco são os estados que possuem os maiores índices de degradação em relação à extensão de seus territórios.

Para recuperar áreas degradadas, especialistas recomendam a reintrodução de espécies nativas com intuito de restaurar os nutrientes do solo e regular o clima da região. Entretanto, eles destacam a grande dificuldade de recuperar a Caatinga, considerando sua distribuição irregular de chuvas ao longo do ano. Por isso, a melhor alternativa é coibir as atividades insustentáveis, para que a desertificação não chegue a pontos quase “irreversíveis”.

Desertificação

A desertificação é um processo em que o solo perde seus nutrientes, diminuindo o nível de umidade, cobertura vegetal e biodiversidade. É causada, na maior parte das vezes, por desmatamentos, queimadas e práticas agropecuárias insustentáveis. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a área desmatada na Caatinga compreende à metade de sua cobertura original, devido a processos acentuados de desertificação.

A perda de cobertura florestal é um dos fatores que mais contribui com a desertificação, pois expõe os solos às intempéries da natureza, como chuvas intensas, insolação e vento, intensificando a erosão e a perda de nutrientes do solo. O desmatamento ainda deixa a terra vulnerável a outras atividades, como mineração e agropecuária.

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