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Bolsonaro questiona dados do Inpe sobre desmatamento na Amazônia

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Bolsonaro questiona dados do Inpe sobre desmatamento na Amazônia
Imagem aérea mostra desmatamento na Amazônia / Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro questionou os recentes dados sobre o aumento do desmatamento na Amazônia divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Bolsonaro duvidou da veracidade das informações e disse suspeitar que o diretor do órgão, Ricardo Magnus Osório Galvão, estaria “a serviço de alguma ONG”.

“Se for somado o desmatamento que falam dos últimos 10 anos, a Amazônia já acabou. Eu entendo a necessidade de preservar, mas a psicose ambiental deixou de existir comigo”, afirmou Bolsonaro. Ele acrescentou que seu governo não quer fazer “propaganda negativa do Brasil”, já que isso prejudica a imagem do país no exterior. “Se o dado fosse alarmante, ele [Galvão] deveria, por questão de responsabilidade e patriotismo, procurar o chefe imediato, no caso o ministro. E não de forma rasa como ele faz, simplesmente coloca o Brasil numa situação complicada”, disse.

O presidente do Inpe rebateu as críticas, reafirmou os dados sobre desmatamento e disse que não deixará o cargo. “Ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoas”, afirmou. Em nota, o instituto ressaltou que sua política de transparência permite o acesso completo aos dados e que a metodologia utilizada é reconhecida internacionalmente. “O Inpe teve um papel fundamental na utilização de satélites para imagem de sensoriamento remoto. O Brasil foi o terceiro país no mundo a usar imagens do satélite landsat, método desenvolvido pelo Inpe”, pontuou.

O Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou, no último domingo (21), manifesto em apoio ao Inpe. “Em ciência, os dados podem ser questionados, porém sempre com argumentos científicos sólidos, e não por motivações de caráter ideológico, político ou de qualquer outra natureza”, pontuou. Para a SBPC, “críticas sem fundamento a uma instituição científica, que atua há cerca de 60 anos e com amplo reconhecimento no país e no exterior, são ofensivas, inaceitáveis e lesivas ao conhecimento científico”.

Marcos Pontes, ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), condenou a forma como o diretor do instituto respondeu às acusações de Bolsonaro e afirmou que compartilha a “estranheza” do presidente “quanto à variação percentual dos últimos resultados na série histórica”. Nesta segunda-feira (22), Pontes determinou que o Inpe apresente um relatório completo sobre o monitoramento do desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos.

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