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Edifícios com fachada de vidro geram alto impacto ambiental

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Edifícios com fachada de vidro geram alto impacto ambiental

Edifícios totalmente envidraçados têm ganhado espaço nas grandes metrópoles, principalmente na construção de prédios corporativos. A tendência, entretanto, gera alto impacto ambiental. Esse foi o tema da pesquisa de doutorado de Rosilene Regolão Brugnera, realizada no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP.

Chamados de edifícios de planta livre – do inglês open plan offices -, esses prédios têm plantas maiores que 900 metros quadrados (m²), sem paredes internas, janelas totalmente seladas e sistemas de condicionamento artificial funcionando em todo o período de ocupação.

Em sua pesquisa, Brugnera comparou dois modelos de fachadas: cortina (totalmente envidraçada) e tradicional (parede em alvenaria e esquadria com vidro). Ela considerou os materiais utilizados, tamanho da janela, tipo de vidro empregado, ausência ou presença de dispositivo de sombreamento e como a combinação de tais características influenciou o consumo de energia do edifício, avaliado para três climas brasileiros. Foram desenhados 144 cenários em três cidades: São Paulo (clima médio), Manaus (clima quente) e Curitiba (clima frio).

A pesquisa apontou que o vidro é o principal inimigo do meio ambiente neste caso. Segundo a análise, edifícios totalmente envidraçados chegam a consumir cerca de 25% a mais de energia do que aqueles com fachadas tradicionais. “Nos Estados Unidos, esses edifícios são muito comuns, e o Brasil adotou como modelo esse estilo internacional de arquitetura. E os edifícios corporativos normalmente são desse estilo, bem fechados e, por isso, não utilizam ventilação natural”, descreveu Brugnera.

Os edifícios de vidro também são uma ameaça à sobrevivência dos pássaros. Estudo sindicam que a colisão contra painéis de vidro transparentes é a segunda maior causa antropológica, isto é, motivada pelo homem, da mortalidade de aves. Os choques são inevitáveis porque, diferentemente do ser humano, as aves enxergam os raios UVs, enxergando as imagens refletidas como uma extensão do ambiente, e não como uma barreira.

Apesar dos graves impactos ambientais, Brugnera acredita que a especulação imobiliária é fator de grande influência para construção desse tipo de fachada “antiecológica”. Para ela, é necessário buscar alternativas que explorem diferentes possibilidades para esse tipo de edifício.

O estudo foi desenvolvido com orientação da docente Karin Maria S. Chvatal, do IAU, e co-orientação de João Adriano Rossignolo, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, e financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Artigo sobre o assunto foi publicado na revista Ambiente construído.