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Poluição luminosa prejudica reprodução de peixes-palhaço

Poluição luminosa prejudica reprodução de peixes-palhaço

A poluição luminosa impacta negativamente a reprodução do peixe-palhaço (Amphiprion ocellaris). O alerta é de pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, que averiguaram os efeitos da iluminação artificial noturna em dez casais reprodutores.

Os animais foram separados em dois grupos de cinco casais. O primeiro tinha iluminação natural, com alternância de dia e noite. Os aquários do segundo grupo eram iluminados do alto com uma lâmpada LED de intensidade comparável à que ilumina a superfície do oceano perto das orlas habitadas. Por 60 dias os estudiosos verificaram taxas de desova e nascimento.

Não houve diferenças significativas na frequência de óvulos nos dois grupos. Entretanto, o índice de eclosão surpreendeu. No grupo exposto à luz artificial, não foi registrado nenhum nascimento. “Nosso estudo mostra claramente que a poluição luminosa tem o potencial de interferir no sucesso reprodutor dos peixes-palhaço”, considerou Emily Fobert, pesquisadora associada em biodiversidade e conservação da Universidade Flinders e coautora do estudo.

Os cientistas não estudaram o mecanismo exato que inibiu a eclosão dos peixes-palhaço na presença da luz artificial à noite, mas Fobert acredita que esses ovos nunca experimentaram a escuridão, o que poderia ser um sinal necessário para ativar a eclosão.

De acordo com a pesquisadora, os filhotes só nascem na escuridão porque esse é um período mais seguro, em que há menos predadores. Fobert especula que a exposição à luz durante a noite provavelmente é responsável pela supressão dos nascimentos.

O peixe-palhaço vive próximo a recifes de corais no litoral. Essas áreas estão cada vez mais expostas à luz artificial devido à expansão de construções, além de barcos de cruzeiros e hotéis flutuantes. Estudo de 2016 aponta que a poluição luminosa afeta 23% da superfície terrestre, sem contar os polos. Em relação às regiões costeiras, 22% experimentam em diferentes graus a iluminação artificial, conforme estudo publicado em 2014.