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Morte de girafa gera reação mundial

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Morte de girafa gera reação mundial
Tess Thompson e girafa abatida/Crédito: Reprodução Twitter

Em 2017, a americana Tess Thompson matou uma enorme girafa na África. Ela ficou tão feliz e orgulhosa que publicou fotos sorrindo ao lado do “troféu”, segurando sua arma em uma mão e levantando a outra para o céu, em sinal de agradecimento.

“Rezando e agradecendo pela minha caçada dos sonhos ter se tornado realidade hoje! Avistei essa bela girafa negra e a persegui por um bom tempo. Eu sabia que era única. Ela tinha mais de 18 anos, 4 mil libras e fui abençoada por ter podido extrair 2.000 libras de carne dela”, declarou a caçadora.

As imagens viralizaram após terem sido postadas no twitter do jornal sul-africano AfricLand Post, com a descrição: “uma americana branca, que é em parte neandertal, vem para a África e abate uma girafa negra muito rara. Cortesia da estupidez da África do Sul. O nome dela é Tess Thompson Talley. Por favor, compartilhe”.

A sociedade reagiu repercutindo o feito nas redes sociais, em postagens que condenavam a atitude da caçadora e a acusavam de assassinato. Um abaixo-assinado foi criado na plataforma Avaaz, em fevereiro do ano passado, e já conta com mais de um milhão de adesões. A petição, dirigida aos países signatários da Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas (CITES), solicita a adição das girafas à lista de animais protegidos pelo acordo.

O requerimento também exige o financiamento de um plano de proteção ao mamífero, válido em todo continente africado, visando a recuperação das populações, preservação os habitats e conscientização das comunidades locais quanto à proteção da espécie.

Diante da reação, Tess defendeu-se dizendo que a girafa que caçava era uma subespécie da girafa sul-africana e que sua população estava aumentando, em parte, devido aos caçadores e demais esforços de conservação pagos, muitas vezes, pela caça de grandes animais. A americana também disse que “a raça não é rara, mas ela era muito antiga. As girafas ficam mais escuras com a idade.”.

Proteger animais por meio da “caça esportiva” está entre os argumentos mais utilizados pelos caçadores, inclusive no Brasil. Tess é apenas uma parte do grande contingente de seres humanos que se divertem com a morte. Anualmente, milhões de animais são mortos com armas ultramodernas, que não dão a eles qualquer chance de fugir.

A semelhança com a morte do leão Cecil por Walter Palmer, também americano, em 2015, e a vaidade de Tess, permitiram que o assunto voltasse às redes. A grande comoção também serviu para provar como a intolerância à caça de animais silvestres cresce a cada dia.

“Ainda estamos longe de respeitarmos os animais. René Descartes, filósofo francês, chegou a afirmar que animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam, expressando a supremacia humana sobre as demais formas de vida. Mas isto está mudando rápido, aumentando as chances de impedirmos a continuidade da extinção das espécies no planeta”, disse Dalce Ricas, superintendente da Amda.

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