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Pen-drive engolido por foca revela contaminação da fauna marinha por lixo

Pen-drive engolido por foca revela contaminação da fauna marinha por lixo
A foca-leopardo é a maior da Antártida

Por mais de um ano, uma amostra de fezes de focas-leopardo (Hydrurga leptonyx) ficou congelada no Instituto Nacional de Pesquisas Aquáticas e Atmosféricas da Nova Zelândia (NIWA, na sigla em inglês) esperando por análise. A expectativa era encontrar informações sobre a alimentação, trajetória e saúde do animal, mas um pen-drive repleto de fotos foi o principal achado dos pesquisadores.

A descoberta gerou grande curiosidade e também alarde, considerando o alto nível de lixo nos oceanos e seu impacto sobre a vida marinha. “É muito preocupante que esses incríveis animais da Antártida tenham plástico assim dentro deles”, declarou a voluntária Jodie Warren, uma das responsáveis pela análise das fezes.

Porém a contaminação não é exclusiva das águas antárticas. No Brasil, um levantamento do Instituto Argonauta em parceria com o Aquário de Ubatuba indicou que grande parte dos animais mortos no litoral paulista tiveram contato com lixo. Dentre os 2,6 mil indivíduos encontrados mortos pela instituição, entre 2015 e 2018, 48% apresentaram alguma interação com itens despejados nas praias.

O estudo também analisou as condições sanitárias de 132 praias em um raio de 140 quilômetros entre Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Quase uma tonelada de lixo foi encontrada. Ao todo, 52 praias estavam ausentes de lixo, enquanto 74 continham traços de resíduos. Seis foram enquadradas como inaceitáveis pelo instituto, por conterem altos níveis de ‘sujeira’.

Analisando os últimos 30 meses, os pesquisadores também descobriram que já foram recolhidas 22 toneladas de resíduos nas mesmas praias, evidenciando a recorrência do descarte irregular. O trabalho, além de despoluir os ambientais naturais, serve para conscientização da população sobre os impactos do lixo na natureza.

“Apesar do aumento da preocupação e da veiculação de notícias sobre o tema, na prática ainda observamos uma enorme quantidade de lixo indo parar nos rios, praias e mar da região, e o que é pior, afetando diretamente a fauna marinha”, destacou o oceanógrafo Hugo Gallo, presidente do Instituto Argonauta.

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