Array
Notícias

Ratos gigantes ameaçam aves raras de extinção em ilha remota

Array
Ratos gigantes ameaçam aves raras de extinção em ilha remota
Albatroz-de-tristão é espécie mais ameaçada pelos ratos gigantes / Crédito: Ben Dilley/BBC

Uma ilha remota do Reino Unido era uma espécie de santuário para diversas espécies de aves. Este cenário mudou no século 19, quando ratos foram introduzidos na ilha de Gough. Os animais se adaptaram ao ambiente, cresceram e estão colocando em risco de extinção espécies raras de aves, como o albatroz-de-tristão.

Com 91 km², Gough é considerada uma das mais importantes colônias de pássaros do mundo, com mais de 10 milhões de exemplares. Segundo estudo da organização britânica Royal Society for the Protection of Birds, os ratos chegaram à ilha trazidos por navios que aportavam ali e se adaptaram às condições daquele pequeno pedaço de terra alimentando-se de ovos e filhotes de aves. A estratégia funcionou tão bem que os ratos acabaram se tornaram “gigantes”: são 50% maiores que um rato doméstico.

Muitas aves da ilha são pequenas e fazem seus ninhos em buracos. “Os filhotes são menores e não têm como fugir, então, para um rato oportunista, eles são presa relativamente fácil. Como ficaram maiores, os ratos agora atacam todos os pássaros, mesmo os filhotes de albatroz-de-tristão, que são maiores do que outras aves”, explicou Anthony Caravaggi, da University College Cork, que participou da pesquisa.

O estudo aponta que ao menos 2 milhões de filhotes são perdidos anualmente em Gough. “Essas espécies evoluíram para viver na ilha livres de predadores. É por isso que tem tantas aves lá”, disse Alex Bond, do Natural History Museum, que também assina a pesquisa.

A principal preocupação são as espécies raras de Gough, especialmente o albatroz-de-tristão, dos quais restam apenas 2 mil casais. A espécie vive em pares por toda a vida e produz apenas um ovo por ano. “Surgem novas gerações de ratos umas duas vezes por ano, mas, para aves como a albatroz-de-tristão, que ficam os primeiros dez anos no mar, demora muito para esses mecanismos comportamentais terem efeito”, afirmou Bond.

A Royal Society e o governo do arquipélago de Tristão da Cunha, responsáveis pela ilha, traçaram um plano para erradicar os ratos da ilha. O projeto deve começar em 2020. A localização de Gough é um grande desafio logístico. Um navio sairá da África do Sul com dois helicópteros e um carregamento de bolinhas de cereal munidas de um anticoagulante que, em tese, mataria os ratos em 24 horas.