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Ondas de calor favorecessem ocorrência de incêndios florestais

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Ondas de calor favorecessem ocorrência de incêndios florestais

As altas temperaturas do verão europeu deste ano provocaram a morte de 1,5 mil pessoas na França, segundo a Ministra da Saúde, Agnes Buzyn. A tragédia lembrou as ondas de calor de 2016, 2015 e 2003, quando foram registradas de 15 mil a 20 mil mortes a mais que o normal no país. Os eventos podem parecer isolados, mas pesquisadores afirmam que o aquecimento global é o elo que os une.

Na maior parte das vezes é difícil estabelecer relação entre cada acontecimento extremo – como as ondas de calor – e as mudanças climáticas, mas é possível perceber que a frequência dos eventos está aumentando, assim como a temperatura.

Uma investigação feita pelo projeto FIREXTR, que previne e estuda causas de incêndios florestais, concluiu que 97% das grandes queimadas em Portugal, ocorridas entre 1981 e 2010, aconteceram durante ondas de calor; e os outros 3% após episódios de calor intenso. Foram caracterizados como grandes os incêndios que queimaram mais de 5 mil hectares.

No período avaliado, na porção portuguesa da Península Ibérica ocorreram 130 ondas de calor entre outubro e maio, sendo 33% delas em julho e 27% em agosto. Portugal, junto da Grécia e Suécia – que teve o verão mais quente dos últimos dois séculos –, sofrem com estações de incêndios rigorosas desde 2017.

No território português, a tendência é que as temperaturas se elevem ainda mais. O estudo do FIREXTR indica um cenário otimista na qual é esperado que a ocorrência das ondas de calor aumente em 4% a cada 30 anos. Já no cenário pessimista, acredita-se que a frequência de eventos de calor intenso aumente em 8% nos próximos 30 anos e 25% entre 2061 e 2090.

Investigadores do projeto destacam que além de aumentar a frequência, as ondas de calor serão mais severas e mais quentes nos próximos anos.

Mitigação

Em relatório divulgado neste mês, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) destacou impactos que poderiam ser evitados se o aumento da temperatura global fosse limitado a 1,5°C em vez de 2°C ou mais. Mas o objetivo exige “mudanças sem precedentes” da comunidade global.

Uma das medidas para atingir a meta é diminuir as emissões de CO2 em 45% até 2030. Em 2050, o mundo também deverá ter alcançado a neutralidade de carbono, isto é, emitir a mesma quantidade de C02 que se retira da atmosfera.

De acordo com o documento, mudanças na indústria, no setor de construções e transportes serão necessárias. Em relação à energia, substituir as fontes tradicionais, como carvão, gás e petróleo, é essencial, visto que elas são responsáveis por 75% das emissões.