Fogo queima cerca de 60 hectares da APA São José, na região de Tiradentes

A temporada de incêndios continua destruindo unidades de conservação em todo o Estado. Desta vez, o fogo consumiu cerca de 60 hectares da APA Serra São José. O gestor, Itamar Christófaro Silva, suspeita de que o incêndio teve origem criminosa.

Ele informa que o fogo começou no domingo (9) e foi debelado no dia seguinte (10). O combate foi feito por 30 pessoas, entre militares, civis, integrantes do Previncêndio e funcionários da APA. Os brigadistas contaram ainda com apoio da brigada B1, dois aviões air tractor e um helicóptero. “A experiência e habilidade dos pilotos foi primordial. Vários focos estavam em locais de difícil acesso, que os brigadistas só conseguiram chegar com apoio das aeronaves”, relatou.

Com 4.700 hectares, a APA São José engloba o Refúgio Estadual de Vida Silvestre (REVS) Libélulas da Serra São José e abrange cinco municípios: Tiradentes, Prados, Coronel Xavier Chaves, São João del Rei e Santa Cruz de Minas. Todos recebem recursos do ICMs Ecológico pelas duas unidades de conservação, mas nenhum oferece qualquer tipo de suporte, de acordo com Silva.

Santa Cruz de Minas é a cidade que mais arrecada pelas duas UCs. De janeiro a julho (último dado disponibilizado pela Fundação João Pinheiro), o município recebeu R$ 208.826 de ICMs Ecológico. Tiradentes aparece em segundo lugar, com R$ 146.055; seguida por Coronel Xavier Chaves, com R$ 52.165; Prados, R$ 47.355; e São João Del Rei, com R$ 794.

“Participamos dos Codemas [Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente] de todas as cidades, mas não temos nenhum apoio efetivo. Agora parece que algumas perceberam que devem nos ajudar. Estamos iniciando um processo de diálogo com Tiradentes e Santa Cruz de Minas”, disse Silva.

Ele está em entendimento com a prefeitura de Tiradentes e informará quais são as maiores dificuldades para gestão da APA. A partir disso será firmado convênio para que, a partir do próximo ano, conforme informa Richard Marcel Amadi Junior, da Superintendência de Meio Ambiente, seja feito repasse de recursos do ICMs à unidade de conservação.

A Amda sugeriu a ele criação de lei municipal para garantir o repasse de recursos à APA independente de quem estiver no governo, proposta que foi bem recebida. Segundo Junior, está sendo elaborada legislação ambiental municipal, e que seria interessante incluir o repasse para a APA São José.

Betânia Nascimento, responsável pela área de meio ambiente da prefeitura de Santa Cruz de Minas, informou que o Codema está passando por uma reestruturação e este processo inclui a criação do fundo municipal do meio ambiente. A partir dele será possível fazer repasses à APA e ao refúgio de vida silvestre. A expectativa é que até o final desta gestão o fundo seja implantado. Nascimento também recebeu bem a sugestão de criação de uma lei municipal para garantir o repasse de recursos.

Enquanto as prefeituras começam a demonstrar maior preocupação com as unidades de conservação, o descaso do Estado continua. O gerente da APA relatou dificuldades para manutenção dos veículos e equipamentos de prevenção e combate a incêndios florestais. Na última semana, pagou do próprio bolso o conserto de um dos veículos utilizados no combate. De acordo com ele, a deterioração dos equipamentos de combate é comum. Sem recursos, os próprios funcionários da UC cuidam da manutenção e já chegaram até a construir novos equipamentos.