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Unidades de conservação municipais protegem mais de 4 milhões de hectares de Mata Atlântica

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Unidades de conservação municipais protegem mais de 4 milhões de hectares de Mata Atlântica
Luiz Paulo Pinto fala sobre unidades de conservação municipais da Mata Atlântica / Crédito: Amda

Mais de 4 milhões de hectares de Mata Atlântica estão protegidos por unidades de conservação municipais em todo o país. São 967 UCs, distribuídas em 456 municípios. Os dados estão na publicação Unidades de Conservação Municipais da Mata Atlântica, desenvolvida pela Fundação SOS Mata Atlântica. Um dos autores é Luiz Paulo Pinto, biólogo e Mestre em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela UFMG. Ele participou da Terça Ambiental de abril, realizada nesta terça-feira (03), e falou sobre o estudo.

A pesquisa tinha como objetivo estabelecer a primeira base de informações sobre UCs municipais da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do país; identificar lacunas, desafios e oportunidades; e apoiar a criação dessas áreas protegidas. “Sabemos muito pouco, ou quase nada, sobre as unidades de conservação municipais. E elas são mecanismos importantíssimos de conservação”, pontuou Luiz.

Os 4.143.806,47 hectares de UCs municipais da Mata Atlântica se misturam em sobreposições de áreas protegidas de diferentes esferas e categorias. Desse montante, 1.715.000 hectares (25%) estão em Minas Gerais, protegidos em 244 UCs espalhadas por 166 municípios. As UCs municipais representam 41% do número (291 UCs) de unidades no estado, abrangendo 2,5 milhões de hectares, ou 39% da área total protegida em Minas.

Segundo Luiz, as UCs municipais apresentam um processo de degradação maior: 74% é a média de cobertura da vegetação nativa em unidades de proteção integral; enquanto nas de uso sustentável a média é de 40%.

A pesquisa indicou que 58% das UCs municipais que protegem o bioma possuem até 500 hectares. “O tamanho não tira o mérito dessa proteção. Apesar do pequeno porte, essas áreas protegem espécies raras ou endêmicas”, afirmou.

Luiz apresentou diversos exemplos de UCs municipais, como o Monumento Natural Municipal Pedra do Picu, em Itamonte, Minas Gerais; Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, no Rio de Janeiro; e Parque Natural Municipal João Vasconcelos Sobrinho, em Caruaru, Pernambuco. As cidades de Curitiba, Araucária e Fazenda Rio Grande se uniram em uma parceria intermunicipal. Elas criaram um corredor ecológico de 8 milhões de metros quadrados, formado por três Refúgios de Vida Silvestre (REVIS) municipais. A área é habitat de grandes mamíferos como bugios e lontras, mais de 100 espécies de aves e protege o rio Iguaçu.