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Até 70% dos pinguins-reis podem desaparecer por causa do aquecimento global

Até 70% dos pinguins-reis podem desaparecer por causa do aquecimento global
Os pinguins-rei são a segunda maior espécie de pinguins no mundo em número de animais.

Estudo publicado pela revista científica Nature Climate Change indica que 70% dos pinguins-reis (Aptenodytes patagonicus), cerca de 1,1 milhão de casais, podem desaparecer ou serem obrigados a se realocarem antes do final do século. De acordo com os pesquisadores, o aumento da temperatura do planeta está afastando áreas propícias para incubação de ovos de zonas ricas em alimentos.

Estima-se que 50% dos casais chocam seus ovos nas ilhas de Crozet e Príncipe Eduardo, ao sul de Madagascar, no Oceano Índico; outros 21% ficam nas ilhas de Kerguelen e Maldivas, também no Índico, bem como na Terra do Fogo, na América do Sul. Nesses locais, a ave procura condições ideais para incubação dos ovos, como areia fofa, águas sem gelo, seixos (fragmentos de rochas) e uma fonte abundante de alimentos.

Porém a elevação da temperatura do mar tem movimentado a Frente Polar, área rica em presas, para longe das praias em que os pinguins chocam seus ovos. Com isso, a espécie tem que percorrer distâncias cada vez maiores em busca de comida. Essas viagens, contudo, não podem exceder 700 quilômetros, visto que as crias podem perecer nos ninhos antes que os pais voltem.

Pesquisa

Os acadêmicos criaram um tipo de sistema para tentar identificar os habitats mais vulneráveis e os mais propícios para morada dos pinguins impactados pelo aquecimento global. Dentro disso, cruzaram informações históricas e genéticas da espécie. Emiliano Trucchi, da Universidade Italiana de Ferrara e líder do estudo, disse que a espécie já sofreu outra grande mudança ambiental há 20 mil anos, mas, na época, dispuseram de mais tempo para se adaptarem do que teriam hoje.

Para a coautora do levantamento, Céline Le Bohec, as ilhas de Marion, Príncipe Eduardo e Crozet enfrentarão as maiores dificuldades nos próximos 50 anos. “Se nós continuarmos a emitir gases de efeito estufa, as ilhas Kerguelen, Falkland e Terra do Fogo também vão enfrentar dificuldades”, afirmou.

Também existe a possibilidade de os pinguins-reis se exilarem mais ao sul, na ilha Bouvet. “A concorrência pelos lugares para fazer ninho e se alimentar será árdua, sobretudo com outras espécies como o pinguim-de-barbicha, o gentoo ou o de adélia, sem contar a atividade pesqueira”, acrescentou Le Bohec. A pesquisadora alerta ainda que outros animais também podem enfrentar as mesmas dificuldades dos pinguins-reis.