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“Urbanização com responsabilidade ambiental”

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A edição de hoje do jornal "O Tempo" abordou a falta de estrutura do Isidoro, região Norte de Belo Horizonte. A Superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, foi entrevistada pelo veículo. Segue, abaixo, matéria na íntegra publicada no jornal:

Pobreza e falta de estrutura predominam

Terreno de 10 mil hectares vai ganhar status de regional: será a 10ª da cidade

O que era para ser uma reserva ecológica abriga hoje um dos maiores bolsões de pobreza de Belo Horizonte. Grande parte da região do córrego Isidoro, na região Norte da capital, onde a prefeitura pretende promover a urbanização nos próximos dez anos, é atualmente ocupada por invasões e moradias sem infraestrutura.

Aglomerados de barracos ocupam morros e avançam sobre cursos d’água em uma área de 10 mil hectares hoje caracterizada pela prefeitura como área de preservação ambiental obrigatória.

Estrutura

Mesmo vivendo irregularmente, os moradores dos bairros que formam a região criam expectativa de que a vida melhore a partir do interesse do poder público e de grandes empreendedores. A administração municipal pretende, inclusive, dar ao local status de 10ª regional da prefeitura.

O porteiro Wellington Flávio, 32, mora há cinco anos com a mulher e os quatro filhos no bairro Ribeiro de Abreu, às margens da MG-020. Ele diz não se incomodar com eventuais desapropriações e que gostaria de morar em um lugar melhor. O bairro Betânia, afirma, seria o lugar ideal. Mas, como não tem condições de viver lá, Flávio conta que gostaria que "progresso" chegasse ao Isidoro. "Acho que seria bom ter apartamentos aqui. Aí a gente teria ruas direito, água, luz, segurança. A prefeitura ia começar a olhar para a gente", afirmou. Pelo menos 72 mil apartamentos deverão ser construídos na área.

A dona de casa Elva de Oliveira, 56, vive no Ribeiro de Abreu há mais de 20 anos. Ela e o marido criaram os seis filhos no local. A maior reclamação é com a mata, infestada de mosquitos e usada como depósito de lixo. Elva teme ser obrigada a deixar o bairro com a chegada de moradores de maior poder aquisitivo, mas também se diz esperançosa.

"Nossa situação é muito difícil. Aqui em frente é vazio e virou ponto preferido para os marginais se esconderem da polícia. Se tiver prédios, vamos ter água, luz, tudo direitinho. A segurança vai virar uma preocupação do governo", afirmou a dona de casa.

A superintendente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Dalce Ricas, afirma que a urbanização é a única maneira de se controlar a ocupação desordenada na região. "Não há muita solução, a não ser nortear a urbanização. Se não fizer isso, as ocupações irregulares vão prevalecer, mas é muito importante que a área seja preservada ao máximo", diz.

Entenda o caso

-A Prefeitura de Belo Horizonte vai enviar um projeto de lei à Câmara para flexibilizar a ocupação da região do córrego do Isidoro – hoje de proteção ambiental – e autorizar a construção de 72 mil apartamentos.Parte deles será cedida temporariamente para servir como a Vila Olímpica para a Copa do Mundo de 2014.

-Para receber os novos moradores, a prefeitura vai exigir como contrapartida das construtoras a construção de escolas, centros de saúde e vias para acesso. Ela exige ainda a criação de áreas de preservação.