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Poluição plástica afeta 88% da vida marinha

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Poluição plástica afeta 88% da vida marinha
Crédito: Troy Mayne/WWF

Dos polos às ilhas mais remotas, da superfície ao fundo dos mares, o plástico tomou conta dos oceanos e já afeta 88% da vida marinha. Entre 86 e 150 milhões de toneladas métricas de plástico estão acumuladas nos oceanos, formando ilhas de dejetos flutuantes. É o que mostra o levantamento mais abrangente sobre o assunto, encomendado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

Segundo a pesquisa, a poluição plástica afeta cerca de 2.144 espécies da fauna marinha, que frequentemente confundem o plástico com alimento. O material já foi encontrado no organismo de moluscos, mexilhões, ostras, sardinhas enlatadas e outros animais consumidos por humanos.

Pesquisadores da Universidade de Exeter e do Greenpeace encontraram, em 2018, fragmentos de plástico em 100 de 102 tartarugas marinhas mortas por encalhe ou captura acidental nos oceanos Atlântico, Pacífico e Mediterrâneo. O que mais encontraram foram fibras, provenientes de roupas, pneus, filtros de cigarro e equipamentos de pesca.

Quando descartado na natureza, qualquer objeto plástico se fragmenta em minúsculas partículas, chamadas de microplásticos ou nanoplásticos, dependendo da espessura. Esses pequenos fragmentos podem ser inalados e já foram encontrados até no pulmão humano.

Como surgiu o plástico?

Para entender como a poluição plástica chegou a esse ponto, precisamos voltar para o final da Segunda Guerra Mundial, quando o material começou a ser produzido e comercializado em massa, devido à sua praticidade e baixo custo. Ainda hoje o setor recebe grande investimento. Em 2010, US$ 180 bilhões foram destinados à abertura de novas fábricas.

O plástico fabricado até hoje é duas vezes maior que a massa total de todos os animais terrestres e marinhos juntos. Em 2015, 60% disso já havia virado lixo. A maioria vai parar no mar, dando origem a gigantescas ilhas de plástico. Elas são compostas principalmente de resíduos flutuantes, que entram nas correntes marinhas rotativas e ficam presos nos redemoinhos.

O levantamento mostra que, mesmo se o descarte de plástico parasse hoje, a poluição marinha e os níveis de microplásticos mais que dobrarão até 2050. No gelo marinho do Ártico, Mediterrâneo, Mar da China Oriental e Mar Amarelo, a concentração de microplásticos já ultrapassou os limites de poluição plástica além dos quais riscos ecológicos podem ocorrer.

A principal fonte de lixo são itens descartáveis, sobretudo embalagens, que representam entre 60 e 95% da poluição marinha global por plástico. A pesca contribui com cerca de 22% do lixo marinho. Outro estudo do WWF mostrou que 640 mil toneladas de itens de pesca são despejadas no mar por ano.

Veja 3 prejuízos que a poluição plástica causa à vida marinha

1 – Emaranhamento: itens como redes e linhas de pesca perdidas ou descartadas no mar se enrolam nos animais, causando estrangulamento, feridas, restrição de movimento e morte. Os corais são particularmente afetados. No Pacífico Asiático, 11,1 bilhões de itens de plástico foram emaranhados nos recifes só em 2010.

2 – Ingestão: estima-se que 90% das aves e 52% das tartarugas marinhas ingerem plásticos, fazendo muitos animais morrerem de inanição, uma vez que a ingestão de plástico cria falsa sensação de saciedade e bloqueia o aparelho digestivo do animal.
3 – Asfixia: a poluição plástica priva corais, esponjas e animais que vivem no fundo do mar de luz, comida e oxigênio, causando a morte dos organismos.

Plastic Free

Se o consumo de plástico continuar no ritmo atual, o descarte nos oceanos pode triplicar até 2040. A quantidade de microplásticos pode aumentar 50 vezes até 2100. O WWF pede que seja criado um tratado internacional sobre plásticos para conter a acúmulo do material na natureza.

Quase nove em cada 10 pessoas de 28 países, entre eles o Brasil, concorda com a criação, mostra pesquisa encomendada pela Plastic Free Foundation e o WWF. A consulta, feita no ano passado, entrevistou mais de 20 mil pessoas.

Cerca de 85% dos entrevistados também querem que fabricantes e varejistas sejam responsabilizados por reduzir, reutilizar e reciclar embalagens plásticas. No Brasil, 72% dos consumidores já querem delivery de comida livre de plástico, segundo pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria).