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Relatório evidencia os efeitos das mudanças climáticas

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Relatório evidencia os efeitos das mudanças climáticas
Impactos do ciclone Idai na África/ Créditos: images/Mike Hutchings/Reuters

As temperaturas médias globais bateram recorde nos últimos anos, fazendo de 2015, 2016, 2017 e 2018 os anos mais quentes desde o início dos registros, em 1850, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Este é apenas um dos efeitos das mudanças climáticas, que vem se intensificando ao passo que as emissões de gases efeito estufa (GEEs) atingem níveis históricos.

Em sua 25ª edição, o relatório sobre o clima da OMM, referente a 2018, destacou a elevação sem precedentes das temperaturas terrestres e oceânicas e suas implicações, como aumento do nível dos oceanos, redução dos gelos marítimos e aumento da ocorrência de ondas de calor. Em 2018, o nível médio global do mar aumentou 3,7 mm em comparação a 2017. O degelo das geleiras é apontado como principal causador do fenômeno.

Segundo o estudo, a extensão do gelo marinho no Ártico ficou abaixo da média durante 2018 e se manteve em níveis muito baixos durante os dois primeiros meses deste ano. Outra pesquisa, publicada na revista Nature no final de 2018, indicou que o derretimento do manto de gelo da Groelândia atingiu o maior índice dos últimos 350 anos.

Na primeira publicação, em 1994, o relatório da OMM constatou que os níveis de dióxido de carbono na atmosfera eram de 357 partes por milhão (ppm). Em 2017, o índice chegou a 405,5 ppm. Estima-se que, neste ano, as concentrações de gases de efeito estufa (GEEs) aumentem ainda mais. Em 2017 e 2018 as emissões de carbono registraram nova alta após três anos de estagnação.

Entre outros efeitos, a emissão de GEEs causa a acidificação dos oceanos. O fenômeno afeta diretamente os organismos que vivem no mar, pois ao absorver gases poluentes, a água marinha sofre alterações em seu pH, ficando mais ácida e nociva a alguns animais. Na última década, os mares absorveram cerca de 30% das emissões humanas de poluentes.

O prognóstico do relatório é que o aquecimento global contribui para a diminuição do oxigênio em alto mar e em zonas oceânicas costeiras, entre elas, estuários e mares semifechados. De acordo com a Comissão Oceanográfica Intergovernamental e a Unesco, desde meados do século passado há uma estimativa de diminuição entre 1% e 2% no estoque de oxigênio oceânico em todo o mundo.

Eventos extremos

Em 2018, as altas temperaturas provocaram a morte de 1,5 mil pessoas na França, segundo a Ministra da Saúde, Agnes Buzyn. Até no invernou europeu os termômetros bateram recorde de calor. Nos oceanos, as temperaturas registradas foram as maiores dos últimos 60 anos, conforme estudo publicado em janeiro. Por outro lado, um frio incomum foi observado na América do Norte.

Ao redor do mundo a tendência é a mesma: verões escaldantes e invernos rigorosos. Os eventos climáticos também estão cada vez mais extremos. O mais recente foi o ciclone tropical Idai, que provocou chuvas torrenciais e inundações devastadoras em Moçambique e outros estados africanos. Para Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, o evento pode ser um dos desastres meteorológicos mais letais a afetar o Hemisfério Sul.

De acordo com o relatório da OMM, em 2018 a maioria dos perigos naturais que afetaram quase 62 milhões de pessoas foi associada aos eventos meteorológicos e climáticos extremos. Deste montante, estima-se que 35 milhões de pessoas foram afetadas por inundações.

Além de Moçambique, as inundações e chuvas fortes assolaram outras localidades, a exemplo do estado indiano de Kerala, que sofreu as maiores chuvas e as piores inundações em quase um século.

Ciclones tropicais também fizeram estrago em 2018. Os furacões Florence e Michael, nos EUA, por exemplo, resultaram em mais de 100 mortes. Os prejuízos econômicos são estimados em bilhões. No sul da China, o Tufão Mangkhut foi responsável por afetar 2,4 milhões e matar ao menos 134 pessoas.

Na Europa, Japão e Estados Unidos mais de 1,6 mil mortes foram atribuídas aos incêndios florestais e fortes ondas de calor. Para pesquisadores, os episódios de calor intenso e as queimadas estão relacionados.

Uma investigação feita pelo projeto FIREXTR, que previne e estuda causas de incêndios florestais, concluiu que 97% das grandes queimadas em Portugal, ocorridas entre 1981 e 2010, aconteceram durante ondas de calor; e os outros 3% após episódios de calor intenso.

Mas as consequências das ondas de calor vão mais além. Segundo o estudo da OMM, o branqueamento dos corais; a redução da concentração de oxigênio nos oceanos, que aumenta as chamadas zonas mortas; e a perda de carbono armazenado em ecossistemas costeiros, como mangues, pradarias marinhas e pântanos estão associados ao fenômeno.

Com informações de Nações Unidas Brasil

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