Espécie da vez

Lobo-Guará não é lobo e nem mau, mas está ameaçado de extinção

Lobo-Guará não é lobo e nem mau, mas está ameaçado de extinção
Crédito: Pousada Baguá

Apesar de ser chamado de “lobo”, o Guará é uma espécie distinta adaptada ao Cerrado. Em nada se parece com a figura tradicional dos valentes e ferozes lobos americanos e europeus, que vivem em alcateias e caçam grandes animais para sobreviver. Ele é o maior canídeo da América do Sul, mas é tímido, inofensivo e vive sozinho. Macho e fêmea se juntam somente para ter filhotes, que podem chegar até seis em cada ninhada, e que criam juntos. Enquanto a fêmea amamenta, o macho caça para ela. Guará, em tupi-guarani quer dizer vermelho, cor que faz com que esse animal seja também chamado de lobo vermelho. Por sua pelagem colorida e elegância caracterizada pelas longas pernas, ele é considerado uma das mais belas espécies da fauna brasileira.

A destruição do Cerrado é a maior ameaça à sua sobrevivência. Caça, incêndios, captura para ser vendido para zoológicos ou “colecionadores”, doenças transmitidas por cachorros e atropelamento nas estradas completam a lista de perigos que ele enfrenta. Ele é onívoro, ou seja, alimenta-se de animais (pequenos roedores, aves, insetos) e de vegetais, sendo a fruta-do-lobo sua preferida, por ser um vermífugo natural. Sem ela, o lobo-guará morre de complicações renais causadas por nematódeos (também chamados vermes cilíndricos).

Em fenômeno típico de equilíbrio entre espécies, a fruta também depende do lobo. Depois de passarem por seu aparelho digestivo, suas sementes são liberadas intactas pelas fezes e germinam. Como ele se movimenta muito, as sementes são levadas de um lugar para o outro e a planta se espalha, garantido sua sobrevivência.

Em Minas, o Lobo-Guará é considerado símbolo da luta pela preservação da biodiversidade. No Santuário do Caraça, situado na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do mesmo nome, de propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão, localizado na Serra do Espinhaço, município de Catas Altas, os padres começaram a alimentar alguns lobos há algumas décadas. O primeiro objetivo era evitar ataque às suas galinhas. Pouco a pouco, porém, a refeição noturna oferecida transformou-se em atração turística e educativa. Quase toda noite, devagarinho, protegidos pela escuridão da noite, os lobos sobem a escadaria até área externa de entrada da catedral gótica do Caraça e devoram a carne oferecida, enquanto a plateia assombrada e encantada, tira fotos e filma.

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) foi pioneira em pesquisas para sua proteção. Em sua unidade industrial de Araxá, no Sul do Estado, implantou o Centro de Desenvolvimento Ambiental (CDA) que trabalha na reprodução, pesquisa e conservação de animais silvestres típicos do cerrado, com ênfase para espécies ameaçadas de extinção do estado, como o Lobo-Guará. A Fundação ZooBotânica em BH é outra instituição que pesquisa a espécie, gerando informações fundamentais à sua preservação.

Progeter o Lobo-Guará é também prioridade da Amda, que luta diariamente pela paralização do desmatamento no Cerrado e por outras medidas, como implantação de sinalização, redução de velocidade e passagem segura para eles e outros espécies na construção e asfaltamento de rodovias.

Fontes:

www.brazilnature.com
http://leavesgrass.blogspot.com.br/2007/12/maned-wolf-lobo-guar.html
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/animais/animais-lobo-guara.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo-guar%C3%A1
www.petfriends.com.br
http://ciencia.hsw.uol.com.br/lobo-guara3.htm
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/animais/animais-lobo-guara.php#ixzz1vEZs6bju
http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/137