Entrevistas

Tavinho Moura lança novo livro em Belo Horizonte

Tavinho Moura lança novo livro em Belo Horizonte

Compositor, cantor, instrumentista e apaixonado por fotografia. Tavinho Moura lança nesta quinta-feira (10), em Belo Horizonte, seu novo livro: Vale do Mutum – Aves da Mata Atlântica.

Por três anos, Tavinho fez cerca de 50 viagens para registrar a biodiversidade da Mata Atlântica. “Pude trabalhar numa vasta área e viver a emoção de ver pela primeira vez o Mutum (Crax blumembachii), o Saci (Tapera naevia), a Jacutinga (Aburria jacutinga), a Tiriba-de-orelhas-brancas (Pyrrhura leucotis) e outras tantas aves registradas neste livro”, conta. O livro reúne imagens de 127 espécies de aves e dez mamíferos.

O lançamento acontecerá amanhã (10), a partir das 18hs na Sala Inhotim, localizada na rua Antonio de Albuquerque, 909, bairro Funcionários.

Amda – Qual foi sua inspiração para produzir este livro?

Tavinho Moura – Desde quando publiquei o livro das aves na Pampulha não parei mais de fotografar. Além do exercício físico (a gente anda bastante), tem o lado de aprender e aprimorar a arte de fotografar as aves. O livro, por ter sido patrocinado pela Cenibra, teve lançamento no Vale do Aço, na Fazenda Macedônia, onde desde 1990 vem sendo desenvolvido um projeto de reintrodução de aves ameaçadas de extinção. Essa fazenda, uma RPPN [Reserva Particular do Patrimônio Natural], guarda 500 hectares de Mata Atlântica primária. Quando soube deste projeto saí em busca de autorizações para realizar uma pesquisa e posteriormente o livro Vale do Mutum.

Amda – A Mata Atlântica é um dos biomas que mais sofre com o desmatamento ilegal, principalmente em Minas Gerais, que lidera o ranking há cinco anos consecutivos. Sua escolha em fotografar aves do bioma é também um alerta à proteção dessa biodiversidade?

TM – Minha preocupação é com o desmate ilegal da Mata Atlântica e de qualquer outro de nossos biomas. Sou radical nesse sentido. Desmate zero. Madeira só as de cultivo autorizado.

Amda – Quais regiões/cidades você visitou para fazer as fotos? Conte-nos um pouco sobre essa viagem.

TM – Minha pesquisa foi realizada tendo como referência a cidade de Ipatinga e seu entorno. Belo Oriente, Ipaba, Santana do Paraíso, Rio Piracicaba, São Gonçalo do Rio Abaixo. Cidades onde a Cenibra tem plantações de eucalipto.

Amda – Quanto tempo foi preciso para reunir as fotografias do livro?

TM – Foram três anos de trabalho. Mais ou menos umas 50 viagens. Faço parte de um grupo de observadores de aves, o ECOAVIS, e precisei da ajuda dos ecoavianos de Ipatinga, que conhecem bem a região e me ajudaram muito.

Amda – Há informações sobre as espécies fotografadas?

TM – É um livro de fotos e textos. A começar por um belíssimo poema de Carlos Drummond de Andrade – Bota e Espora – Chamado Geral – seguido de um poema de Fernando Brant. Há também um texto do engenheiro florestal Paulo Dantas que relata um breve histórico da região. Em meus textos procuro revelar as aves por sua graça, habilidade na construção dos ninhos, hábitos alimentares, plumagem, vocalização.

Vale do Mutum – Aves da Mata Atlântica é enriquecido com ilustrações em aquarelas de Sandra Bianchi, tradução para o inglês de Márcio Borges e arrojado projeto gráfico de Mariana Hardy.

Amda – Assim como toda música, qual mensagem você espera que este livro transmita?

TM – Eu espero que o livro faça com que as pessoas comecem a perceber que há vida no planeta. Muita vida! Que nossa natureza é nossa pátria. Há um momento em que o Brasil inteiro canta, ou no começo do dia ou no final dele. Aves, cigarras, converseiro de insetos, esturro de onças. É preciso conhecer para amar.