Projeto Jaíba
A luta contra a implantação do Projeto Jaíba, símbolo da megalomania do Poder Público no Brasil, foi uma das mais emblemáticas e duras da Amda. Iniciado em 1972 pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), em parceria com a Ruralminas, o projeto não tinha licença ambiental, apesar dos gigantescos impactos que causou ao meio ambiente natural. Milhares de hectares de florestas foram jogados ao chão com correntões e animais silvestres foram dizimados.
A Amda, com apoio da Associação Cultural e Ecológica Lagoa do Nado e do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG), conseguiu liminar judicial exigindo o licenciamento. Apesar das interferências políticas nos estudos de impacto ambiental, o licenciamento foi feito e a Licença Prévia concedida em 1989, com 49 condicionantes.
Depois disso, a luta foi árdua para que pelo menos parte delas fosse cumpridas. Quando o governo mineiro decidiu implantar a segunda etapa do projeto, já no governo Eduardo Azeredo, a luta continuou e o licenciamento foi feito novamente "a fórceps", através de outra liminar conseguida pela entidade.
Como resultado, foi criado o Sistema de Áreas Protegidas do Jaíba, até hoje não totalmente implantado. O Parque Estadual da Jaíba teve cerca de 1.000 hectares de florestas derrubadas por invasores "sem terra" que fizeram carvão, patrocinados por empresas de ferro gusa. A Reserva Legal da Etapa 1, pertencente à Codevasf, foi invadida e quase inteiramente destruída por incêndio, pois não tinha estrutura de proteção alguma. A Reserva Legal da Etapa II, a cargo da Ruralminas, também foi invadida.
A pobreza e ausência de recursos para proteger os ambientes naturais que restaram contrastam com os mais de R$ 600 milhões de dólares investidos no Projeto Jaíba.