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Incêndio no Caraça é debelado após três dias de combate

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Incêndio no Caraça é debelado após três dias de combate
Brigadistas da Amda no combate a incêndio no Santuário do Caraça / Crédito: Amda

O período seco já faz suas primeiras vítimas em Minas Gerais. Equipes de brigadas da Amda estavam mobilizadas desde terça-feira (17) combatendo um grande incêndio que atingia a RPPN do Caraça. O fogo foi debelado nesta madrugada. Ainda não se sabe o tamanho da área queimada.

Nesta quinta-feira (19), atuaram no combate 14 brigadistas da organização, cinco do ICMBio, dois do Caraça e dois voluntários. O Sargento Eduardo e Cabo Diogo, da Polícia Militar de Meio Ambiente, e cinco integrantes da Vale também participaram. O apoio do helicóptero do Previncêndio foi importantíssimo, pois o local do fogo era de difícil acesso. “Não havia acesso para veículos e, a pé, seria uma caminhada de no mínimo quatro horas”, relatou Fabrício Araújo, coordenador de brigadas da Amda.

No início do combate havia várias frentes de fogo. Ao final desta quinta, os brigadistas conseguiram reduzir para apenas uma linha, que estava em uma encosta bastante íngreme e com mata fechada. Os trabalhos foram encerrados ao final da tarde prezando pela segurança dos brigadistas. A equipe chegou a traçar nova estratégia para retomar o combate nesta sexta, mas durante a madrugada as chamas se apagaram. “As noites estão frias e úmidas, então a natureza ainda consegue ajudar”, comentou Francisco Mourão, biólogo da Amda.

Cinquenta e cinco por cento da área do Caraça está no município de Catas Altas. O secretário de Meio Ambiente, Reginaldo Sales, afirmou que tomou conhecimento do incêndio apenas nesta quinta-feira (19) e se prontificou a ajudar com apoio logístico, o que não chegou a ocorrer. De janeiro a maio deste ano, Catas Altas recebeu R$ 382.480,93 de ICMs Ecológico referente apenas ao Caraça.

No mesmo período, Santa Bárbara recebeu R$ 98.870,89. Quarenta e cinco por cento do território da RPPN está dentro do município. Em contato com a Secretaria de Meio Ambiente e Política Urbana, a Amda foi informada de que o órgão não tinha conhecimento do incêndio.

A informação foi rebatida por Aline Lopes de Abreu, coordenadora ambiental do Caraça. Ela contou que existe um grupo de whatsapp criado com intuito de formar uma rede de parceiros para combate a incêndios no Caraça e outras UCs da região. O grupo foi informado sobre a situação da unidade logo no início. Ambas as prefeituras estão no grupo. “Elas são parceiras, então estranho essa resposta. É entendido que não é preciso um comunicado oficial”, lamentou.

Aline também questiona onde o recurso do ICMS Ecológico está sendo investido, já que o principal argumento utilizado pelas prefeituras é de que não há verba para criação de brigadas.

“O ICMS repassado às prefeituras pelo Estado é um tributo não vinculado, ou seja, a CF/88 proíbe que seja exigido dos municípios o dever de aplicá-lo em determinada politica pública, como, por exemplo, meio ambiente. No entanto, considerando que são as UCs responsáveis por esse repasse, espera-se moralmente que as prefeituras ajudem na sua implementação e gestão. Além disso, exercem função ambiental importantíssima e são atrativos turísticos que garantem alto aporte de recursos para os municípios, como é o caso do Caraça. O santuário é uma das UCs mais visitadas em Minas Gerais, e grande parte dos turistas se hospedam em Catas Altas e Santa Bárbara”, afirmou Lígia Vial, assessora jurídica da Amda.