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Órbita da Terra está coberta por lixo espacial

Órbita da Terra está coberta por lixo espacial
Órbita da Terra

Há anos, diversas pesquisas alertam sobre a poluição hídrica, atmosférica e terrestre, mas dados recentemente divulgados pela Agência Espacial Europeia (ESA) denunciam a sujeira que ninguém vê: a espacial. Desde o início da exploração do espaço, em 1957, cerca de 7,5 mil toneladas de lixo acumularam-se ao redor da Terra. A maior parte dos resíduos é proveniente de satélites inativos, partes de foguetes e detritos resultantes de explosões.

Nesses 60 anos de atividades espaciais foram lançados 5,3 mil foguetes e 7,5 mil satélites, dos quais 4,3 mil ainda estão em órbita e 1,2 mil não funcionam. Como os detritos giram em altas velocidades, qualquer colisão espalha grande número de estilhaços.

O número de fragmentos medindo entre um e dez centímetros já excedeu os 750 mil. Aqueles com mais de 10 centímetros são quantificados em 23 mil. Estima-se ainda a existência de 166 milhões de dejetos com menos de um centímetro, impossíveis de serem rastreados.

Em 1978, Donal Kessler, consultor da Nasa, já previa o acúmulo de lixo na órbita terrestre e sua inviável utilização. Mas somente agora a poluição espacial se tornou um problema real. A prioridade é retirar os objetos maiores e mais próximos à Terra, onde se concentra a maior quantidade de lixo.

Órbitas

Para a física, órbita é a trajetória que um corpo percorre ao redor de outro sob a influência de alguma força. Os objetos podem orbitar em vários pontos ao redor da Terra, com altura e sentidos diferentes. Dentre as órbitas mais utilizadas pelo ser humano estão a geoestacionária, média e baixa. A primeira está a quase 36 mil km da Terra e nela dominam os satélites de comunicação e TV.

Na órbita média, localizada entre 19 e 23 mil km de distância, são instalados os equipamentos de localização, como o sistema de GPS. A órbita baixa é a mais poluída, abrigando cerca de 40% de todo o lixo espacial. Ela fica entre 200 e 2 mil km da Terra e os objetos de sensoriamento remoto e meteorologia atingem até 28 mil km/h no local. O telescópio espacial Hubble e a Estação Espacial Internacional estão nessa faixa.

Limpeza espacial

Com intuito de reduzir a quantidade de sucata no espaço, a Agência Espacial Europeia (ESA) está trabalhando em um programa com lançamento previsto para 2023. Dentre as ações previstas está a utilização de satélites caçadores que irão atrás de detritos.

O primeiro método consiste em utilizar um braço robótico para afastar os dejetos de sua órbita e fazer com que eles queimem ao atingir a atmosfera; o segundo satélite lança um arpão que perfura o objeto e o prende, impedindo que ele se despedace no espaço; o último é um mecanismo de rede que consiste em envolver o detrito, tirá-lo de sua órbita e fazer com ele caia e se desintegre na atmosfera.

Brasil

A cidade de Brazópolis, no sul de Minas Gerais, foi escolhida para abrigar um telescópio russo-brasileiro especializado em monitoramento de lixo espacial. O projeto é fruto de uma parceira entre o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e a Agência Espacial Russa (Roscosmos). O Brasil foi escolhido para abrigar o equipamento por sua localização no hemisfério sul, ponto estratégico para o monitoramento.

Os dados coletados pelo aparelho serão enviados à ESA e Nasa para serem registrados em um catálogo internacional. Atualmente, o Brasil possui uma dúzia de objetos em órbita.

Com informações de Estadão