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Espécie da vez

A árvore mais perigosa do mundo

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A árvore mais perigosa do mundo
Sombra da árvore pode te convidar para um descanso

Se você estiver passeando no Caribe, Bahamas ou até na Flórida, fique atento às árvores que encontrar pelo caminho: uma delas pode ser a Mancenilheira (Hippomane mancinella), mais conhecida como árvore da morte.

Há várias estórias sobre ela. Quando os conquistadores chegaram, dizem que vários se intoxicaram ao comer seus frutos. Os indígenas usavam a árvore para tortura, amarrando pessoas a seu tronco e deixando-as ali para que sofressem quando chegasse a chuva. Já os povos indígenas utilizavam a seiva da Mancenilheira na ponta das flechas, para que o inimigo morresse do modo mais doloroso possível. Difícil saber a veracidade desses casos. Entretanto, as propriedades científicas da árvore da morte não mentem.

A Mancenilheira produz uma seiva leitosa que escorre para a casca, folhas e frutos. Em contato com a pele, ela pode causar queimaduras sérias e até corrosões. Se os frutos – similares a pequenas maçãs – forem ingeridos, causam diarreia, hemorragias, desidratação e podem até matar.

A principal substância responsável por todos esses efeitos é o forbol, um componente orgânico que pertence à família dos ésteres. Como ele é altamente solúvel em água, até as gotas de chuva que entram em contato com a seiva são contaminadas.

Se você pensou que queimar essas árvores seria uma solução, essa não é uma boa ideia. A fumaça liberada deixa os olhos extremamente irritados, podendo levar à cegueira temporária ou definitiva. Não é à toa que a Mancenilheira ganhou o título dado pelo Guinness World Records de árvore mais perigosa do mundo.

Remover essas árvores parece uma saída, mas elas desempenham papel importante dentro do ecossistema. Como são altas e densas, protegem as praias da América Central contra a erosão e vento.

Características

A temida planta cresce em paisagens idílicas e pode alcançar grandes alturas. Seus galhos às vezes repousam sobre a areia e te convidam a descansar sobre sob sua sombra ou se proteger da chuva ou do sol.

Seus frutos, muitos parecidos com maçãs, são cheirosos, doces e saborosos.

Também é conhecida como Mancenilheira da areia ou Mancenilheira da praia.

Origem do nome

O nome científico da árvore da morte é Hippomane mancinella. Segundo o Instituto de Ciências de Alimentos e Agricultura da Flórida, nos Estados Unidos, Hippomane vem das palavras gregas hippo, que significa cavalo, e mane, que deriva de mania ou loucura.

O filósofo grego Teofrasto (371a.C.-287a.C.) nomeou assim uma planta nativa da Grécia após descobrir que os cavalos ficavam loucos ao comê-la. E o pai da taxonomia moderna, o sueco Carl Linneo, deu o mesmo nome à nociva árvore da América. Mais precisamente, a que é nativa da América Central e das ilhas do Caribe e cresce da costa da Flórida até a Colômbia – em alguns lugares, sua presença é alertada por cruzes vermelhas e placas.

Comprovações

A radiologista britânica Nicola Strickland experimentou os efeitos da árvore da morte em 1999 ao passar férias com uma amiga na ilha caribenha de Tobago. Como boa cientista, ela descreveu o ocorrido ao British Medical Journal.

Durante o passeio, elas comeram os frutos da Mancenilheira. “Mordi a fruta e achei agradavelmente doce. Minha amiga fez o mesmo. Um pouco mais tarde, notamos um gosto estranho e picante na boca, que virou ardência e dor, com uma pressão na garganta.”

Nas duas horas seguintes os sintomas pioraram, até que não conseguiram mais comer alimentos sólidos, pois a dor era insuportável. “A sensação era de ter um grande nó obstruindo a garganta.” Oito horas mais tarde, os sintomas orais começaram a melhorar, mas os gânglios linfáticos ficaram muito sensíveis.

John Esquemeling, autor de um dos mais importantes livros de consulta sobre pirataria no século 17, escreveu sobre sua experiência quando esteve na ilha La Española, compartilhada entre o Haiti e a República Dominicana. “Um dia, quando estava extremamente atormentado pelos mosquitos e ainda ignorante sobre a natureza desta árvore, cortei um galho para me abanar. Meu rosto inchou e se encheu de bolhas, como se estivesse queimado, e fiquei cego por três dias.”

Nicholas Cresswell, cujo diário sobre seus dias nas colônias britânicas na América ficou para história, também escreveu seu relato.”A fruta tem o aroma e a aparência de uma maçã inglesa, mas é pequena, cresce em árvores grandes, geralmente ao longo da costa. Estão repletas de veneno.”