Espécie da vez

A imponente e inconfundível araucária

A imponente e inconfundível araucária
A araucária tem cerca de 200 milhões de anos / Crédito: google imagens

Sua forma é inconfundível. Com um tronco que pode chegar até 35 metros e uma copa que lembra o formato de um candelabro, a araucária (Araucaria angustifolia) tem cerca de 200 milhões de anos. Sua casca é grossa – até 10 centímetros de espessura -, de cor marrom-arroxeada, persistente, áspera e rugosa. A árvore é conhecida por diversos nomes populares, entre eles pinheiro-brasileiro e pinheiro-do-paraná; e é também chamada pelo nome de origem indígena, curi.

O gênero Araucária L. Jussieu é composto por 19 espécies de ocorrências restritas ao hemisfério Sul, Austrália, Papua Nova Guiné, Nova Caledônia, Vanuatu, Ilha Norfolk, Chile e Argentina. No Brasil, ocorre majoritariamente na região Sul, mas pode também ser encontrada no leste e sul do estado de São Paulo, sul de Minas Gerais, principalmente na Serra da Mantiqueira, e na Região Serrana do Rio de Janeiro. Mesmo sendo uma espécie exclusiva da floresta Ombrófila Mista, o pinheiro-do-paraná ocorre em áreas de tensão ecológica com a floresta Estacional Semidecidual e floresta Ombrófila Densa, bem como em refúgios na Serra do Mar e Serra da Mantiqueira.

Características

Trata-se de uma planta dióica, ou seja, há árvores femininas e masculinas, podendo ser monóica quando submetida a traumas ou doenças. Há predominância de pinheiros masculinos tanto em áreas de ocorrência natural, como em plantios. A floração feminina ocorre o ano todo; já a masculina de agosto a janeiro.

As araucárias não têm frutos verdadeiros, o que significa que suas sementes não são envolvidas por uma polpa. Os pseudofrutos ficam agrupados nas pinhas que, maduras, assumem uma forma esférica e chegam a pesar 5 kg. As sementes, os pinhões, se originam em brácteas do amentilho feminino, desenvolvendo-se a partir de óvulos nus; são de cor marrom, cônicas, aladas; seu tegumento coriáceo esconde um endosperma nutritivo, ou amêndoa, rico em amido e aminoácidos.

Sua polinização é predominantemente anemocórica, ou seja, pelo vento. Dois anos após esse evento, as pinhas amadurecem. Em plantios, a produção de sementes (pinhões) se inicia entre 10 e 15 anos; enquanto nas populações naturais essa fase começa a partir do vigésimo ano. Iniciado a produção de sementes, a árvore produz em média 40 pinhas por ano ao longo de toda sua vida – mais de 200 anos.

A araucária interage intensamente com a fauna, que constitui um elemento muito importante para a dispersão das sementes. Entre os animais destacam-se os roedores, como cotias, pacas, ouriços, camundongos e esquilos; e as aves, como o papagaio-de-peito-roxo, gralha-picaça, airus, gralha azul e tucanos.

Crença popular

Costumes populares indicam que o pinhão combate azia, anemia e debilidade do organismo. As folhas cozidas são usadas no combate à anemia e tumores provocados por distúrbios linfáticos. A infusão da casca mergulhada em álcool é empregada para tratar “cobreiro”, reumatismo, varizes e distensões musculares. Os pinhões também constituem um alimento muito nutritivo e energético para alimentação humana, assim como para a fauna silvestre. No Paraná, é comum alimentar porcos domésticos com pinhões.

Fontes: Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais, Natureza Divina