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Entrevistas

A importância das brigadas de incêndio no combate às queimadas

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A importância das brigadas de incêndio no combate às queimadas
Incêndio no Parque da Serra do Rola Moça em outubro de 2014 / Crédito: Amda

Minas Gerais registrou mais de 55.086 focos de calor apenas este ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inep), o que resultou em mais de 100 mil hectares queimados em Minas Gerais. Muitos dos locais atingidos são áreas de preservação ambiental, que sofrem com suas matas destruídas pelo fogo.

A Amda entrevistou Ramieler de Souza Müller, chefe de segurança empresarial da Gerdau, empresa que possui brigada profissional de combate a incêndios junto com a entidade. A brigada da Amda/Gerdau foi instituída em novembro de 2011 e, além do combate às queimadas, também atua na área preventiva, com ações de educação ambiental junto à comunidade.

Confira a entrevista:

Amda – Qual é, para o senhor, a importância da existência das brigadas de prevenção e combate aos incêndios florestais?

Ramieler de Souza Müller Atualmente, a sociedade tem o desafio de conservar, proteger e preservar os ambientes naturais, de forma a garantir a continuidade das espécies de fauna e flora. A criação e a manutenção de brigadas estruturadas, com planejamento para prevenção e combate a incêndios, bem como formada por especialistas em táticas de combate de maneira uniforme, padronizada e rápida, minimiza os impactos negativos ao meio ambiente.

Amda – Qual o papel que elas representam no combate às queimadas?

R.S.M. – As ações de conscientização e o monitoramento preventivo realizadas por uma brigada viabilizam a rapidez e a eficiência na detecção dos incêndios florestais e são fundamentais para a redução do custo operacional e para minimizar os impactos ambientais.

Amda – Além das ações de combate, a brigada atua em atividades de educação ambiental junto à comunidade. Qual a importância dessas atividades para a redução do número de ocorrências de incêndios florestais?

R.S.M – O funcionamento adequado dos ecossistemas garante a vida de seus produtos e serviços para a comunidade local. Como exemplo, podemos mencionar a preservação dos mananciais hídricos, consumidos pela comunidade, pela fauna e pela flora. A preservação depende da forma de manejo de toda essa biodiversidade, por isso é importante uma conscientização e uma mudança de cultura visando a prevenção aos incêndios florestais para reduzir e mitigar os impactos ambientais.

Amda – Quais as principais causas dos incêndios florestais e o que podemos fazer para diminuir o número de focos?

R.S.M. – O fogo é formado pela reação em cadeia, unindo três elementos: combustível, calor e oxigênio. Quase sempre as queimadas são causadas pelo homem, por práticas como: renovação e limpeza de pasto, queima de velas para cultos religiosos, queima de restos agrícolas para preparação de plantio, queima de lenha resultante de desmatamentos, queima de palha para colheita manual de cana-de-açúcar, queima de vegetação rasteira no interior de plantações de eucalipto, vandalismo, balões, guimbas de cigarros jogados às margens dos acostamentos em rodovias com vegetação seca, materiais plásticos jogados na vegetação como, por exemplo, pneus e garrafas pet. Garrafas e latas de bebidas são os principais causadores de incêndios florestais, bem como todo material que está propício a queima, como madeira, papel, metano, gasolina, álcool, estopa, entre outros.

Um dos elementos básicos para a prevenção dos incêndios florestais é a implementação de sistemas de vigilância, com a função preventiva nas zonas prioritárias para a conservação e limpeza de áreas mapeadas que possibilita a identificação dos agentes que, intencionalmente ou pela falta de conhecimento, possam provocar os incêndios.

Para as ações de prevenção, várias atividades devem ser executadas nas localidades, principalmente as de maior propensão aos focos de incêndio para que venham a mitigar os riscos de ocorrências de incêndios, por exemplo: construção e manutenção de aceiros, monitoramento terrestre, estabelecimento de calendários para reeducação e sensibilização para queima controlada com os produtores rurais e um trabalho permanente de educação ambiental da sociedade em geral.

Amda – Se as brigadas não existissem, qual seria a situação dos parques que já foram atingidos por focos de incêndio? A defesa teria sido a mesma?

R.S.M. – Sem a atuação das brigadas instituídas ou voluntárias, seria impossível mitigar os impactos causados pelo fogo. Os danos ao meio ambiente poderiam comprometer seriamente o ecossistema, demorando vários anos para recuperação de biodiversidade local. E em alguns casos, o dano poderia ser até irreversível, de acordo com o bioma afetado pelo incêndio.

Amda – Como reforço à ação dos brigadistas, o que falta por parte dos responsáveis pela administração dos parques e do governo?

R.S.M. – É importante que haja sempre um plano mútuo de ação para administração dos parques e áreas diversas que estão sujeitas a incêndios.

Amda – Nos incêndios que atingiram o Parque Estadual da Serra do Rola Moça neste ano, como o senhor descreveria o trabalho dos brigadistas?

R.S.M – A atuação das brigadas nos incêndios do Parque Rola Moça foi um exemplo de plano de ação mútuo, onde brigadas de outras unidades, bombeiros e voluntários atuaram de forma organizada, utilizando os recursos de maneira responsável, bem como táticas corretas em detrimento ao relevo da unidade.